Tchaikovsky escreveu ao todo seis sinfonias. Elas são referências indiscutíveis tanto pela expressividade orquestral, quanto pela força indiscutível que evocam. Eu, particularmente, gosto de todas elas - com um aceno mais expressivo para a Sexta, também conhecida como "Patética". Neste ótimo disco, gravado ao vivo, aparecem duas delas.
A primeira é a Quarta, escrita nos anos de 1877 e 1878. A obra foi fecundada em momento de bastante turbulência emocional para o compositor. Por essa época, o compositor ingressou em um casamento desastroso com Antonina Miliukova, uma tentativa frustrada de exorcizar seus conflitos internos e lutar contra a sua homossexualidade. Gerou apenas mais crises e instabilidades. A Sinfonia é, assim, uma interpretação da luta entre o destino inexorável e a busca pela esperança e pela redenção existencial. O primeiro movimento é marcado pela incerteza - " o fatum", uma força impiedosa que paira sobre a felicidade, a tranquilidade e estabilidade do ser humano.
A Quinta nasceu dez anos após a escrita da Quarta (1888). O compositor encontrava-se em uma situação emocional mais estável; já havia consolidado uma reputação internacional. Tchaikovsky ainda experimentava certa ambiguidade a respeito de sua genialidade. A Quinta também aborda a ideia do destino, todavia de maneira mais contemplativa e redentora, sugerindo uma conciliação com o próprio destino, algo bem diferente do aspecto trágico da Quarta.
As duas sinfonias foram escritas no Império Russo, um período de ebulições e mudanças. A Rússia passava por grandes transformações. De certa forma, as duas sinfonias parecem apontar para isso, ao mesmo tempo em que são extensões da alma inquieta do compositor. A recepção da Quarta foi de desconfiança, por causa da volatividade emocional que a caracteriza. A Quinta também encontrou resistência. O próprio compositor olhava-a com certo dúvida. Hoje, ambas as sinfonias são estimadas e tidas como referências do repertório sinfônica, seja pelas maravilhosas melodias, seja pela inquestionável arquitetura, o que revela o gênio do compositor.
Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!
Piotr I. Tchaikovsky (1840-1893) -
01 - Symphony No. 4 in F Minor, Op. 36_ I. Andante sostenuto - Moderato con anima
02 - Symphony No. 4 in F Minor, Op. 36_ II. Andantino in modo di canzona
03 - Symphony No. 4 in F Minor, Op. 36_ III. Scherzo. Pizzicato ostinato - Allegro
04 - Symphony No. 4 in F Minor, Op. 36_ IV. Finale. Allegro con fuoco
05 - Symphony No. 5 in E Minor, Op. 64_ I. Andante - Allegro con anima
06 - Symphony No. 5 in E Minor, Op. 64_ II. Andante cantabile, con alcuna licenza
07 - Symphony No. 5 in E Minor, Op. 64_ III. Valse. Allegro moderato
08 - Symphony No. 5 in E Minor, Op. 64_ IV. Finale. Andante maestoso - Allegro vivace
Royal Concertgebouw Orchestra
Mariss Jansons, regente
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