E eis que, com este disco, chegamos ao final desta magnífica caminhada, excursionando pelos trabalhos sinfônicos e orquestrais de Nikolay Myaskovsky. Não muito conhecido fora da Rússia, o compositor foi certamente, na primeira metade do século XX, um dos nomes mais importantes da música do seu país. Amigo de Prokofiev; discípulo de Rinsky-Korsakov, Myaskovsky foi uma figura que percebeu atentamente as mudanças que ocorriam em seu Rússia. Ele foi um um compositor cuja trajetória combina intensidade emocional, tradição e resistência artística em meio às tempestades políticas do seu tempo.
Escreveu ao todo 27 sinfonias, quartetos de cordas, peças para piano, poemas sinfônicos e obras corais. Essa produção vasta traz uma marca, muitas vezes, introspectiva, alicerçada por um lirismo melancólico e uma notável profundidade psicológica.
Se por um lado suas obras iniciais dialogam com a estética pós-romântica de Scriabin e Mahler, por outro, seu estilo amadureceu com influências da música popular russa, da polifonia clássica e de uma sensibilidade modernista moderada. A sinfonia n.º 6, por exemplo, escrita em memória de amigos mortos na Guerra Civil Russa, é uma das obras mais impactantes de seu catálogo, com coros, trechos fúnebres e apelos emocionais que transcendem ideologias.
Embora tenha sido um dos principais compositores da União Soviética - recebendo prêmios estatais e exercendo forte influência como professor no Conservatório de Moscou -, Myaskovsky nunca se dobrou completamente às imposições do realismo socialista. Diferente de Prokofiev ou Shostakovich, que flertaram com a sátira ou a ambiguidade, Myaskovsky preferiu um caminho mais discreto, mas igualmente firme: o de preservar a integridade artística num ambiente repressivo.
Sua importância é incontestável. Sua presença na música do seu país representa um ponto de encontro entre o passado imperial e a modernidade. Como professor, sua contribuição foi enorme. Ele, por exemplo, influenciou músicos como Aram Khachaturian. Myaskovsky deu um sentido trágico e melancólico, com uma pitada discreta de esperança, à sua música. Certamente, esse aspecto seja uma marca do tempo histórico em que viveu. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!
Nikolay Myaskovsky (1881-1950) -
(01) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Links, op 65 Largo pesante
(02) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Links, op 65 Allegretto grazioso
(03) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Links, op 65 Andante non tanto
(04) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Links, op 65 Larghetto e rubato
(05) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Links, op 65 Andante catabile
(06) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Links, op 65 Allegro non troppo
(07) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Divertissement, op 80 Allegro non troppo
(08) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Divertissement, op 80 Adagio
(09) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Divertissement, op 80 Presto
(10) [N. Miaskovsky] Miaskovsky - Alastor, C Min, Poeme d'apres Shelley, op 14 Lento, quasi andante
The Russian State Symphony Orchestra
Yevgeny Svetlanov, regente
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