Neste disco, encontramos o seu
Quinteto para piano; é uma obra inquietante pelo papel que o piano ocupa. O
piano, longe de ser mero participante, age como catalisador, instigando as
cordas a uma retórica apaixonada que oscila entre súplica, conflito e epifania.
A estrutura cíclica, marca registrada do compositor, confere unidade a um
percurso emocional que parece sempre se alimentar de si próprio. Um trabalho cuja beleza fascina do início ao
fim. A obra é do ano de 1879.
Liszt também aparece neste disco.
Não o Liszt do virtuosismo, dos contorcionismos técnicos. Absolutamente não.
Surge aqui o Liszt dos abismos; das reflexões taciturnas. Liszt procura
construir pontes entre o humano e o sagrado. Harmonies poétiques et
religieuses, ciclo gestado ao longo da década de 1840 e publicado
em versão consolidada em 1853, é talvez o exemplo mais radical de sua
inclinação mística. Inspirado no livro homônimo de Alphonse de Lamartine, Liszt
transfigura poesia em som: há meditações sombrias, como “Funérailles”, que
combinam luto político e desolação pessoal; há peças de recolhimento quase
monástico, como “Invocation” e “Bénédiction de Dieu dans la solitude”.
Aparece ainda “Ave Maria”, outra
obra que aponta para os caminhos delicados e intimistas de Liszt. O compositor
deixa de lado as notas rodopiantes e se recolhe ao intimismo. O virtuosismo não
é mais uma ação externa, para o mundo. É como se o compositor dissesse: ‘quero
produzir belezas do lado de dentro; quero construir catedrais de tranquilidade
sonora aqui, em minha interioridade”.
Não deixe de ouvir este bonito disco. Uma boa apreciação!
01 - Molto moderato
02 - Lento
03 - Allegro non troppo
04 - Pensées des morts
05 - Andante lagrimoso
06 - Ave Maria
Borodin Quartet
Sviatoslav Richter, piano
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