Há alguns dias atrás, um visitante deste espaço deixou o seguinte comentário. Acredito que ele seja português, por causa das marcas linguísticas de seu texto. Entendi o comentário como uma espécie de "puxão de orelha". Penso que tenha empregado uma palavra que acabou gerando ambivalências. Mas, apesar de tudo, gostei de comentário dele sobre Schubert: "(...) Schubert foi de facto especial (como tantos
outros) - cada grande compositor na sua essencial singularidade): morreu
novo (como tantos outros), mas para o tentar compreender (como homem e
como compositor) é necessário conhecer a sua história biográfica, o seu
contexto sócio-económico e a sua densa complexidade psicológica. Schubert,
por vários motivos que não cabem aqui discorrer, era inseguro e a sua
falta de auto-confiança reflectia-se nas obras "incompletas". Não se
tratava de ser indisciplinado no seu método criativo, mas antes inseguro
e demasiado exigente consigo mesmo. Viveu miseravelmente, mesmo na
pobreza, e foi explorado por vários empresários que pegavam numa melodia
sua, anteviam o seu potencial mas não lhe pagavam de acordo com ele.
Czerny foi um deles. Pagavam-lhe para poderem publicar um "lied" uma
ninharia que depois rendia rios de dinheiro. Schubert,
desinteressado e materialmente desapegado, não tinha o que hoje
chamamos "espírito de iniciativa", "olho para o negócio" nem ferocidade
capitalista. A sua vida emocional e sentimental também não correu
bem, vivendo sempre sozinho. Apenas alguns amigos faziam a diferença,
acolhendo-o e alimentando-o quando necessário, além de lhe reconhecerem
valor artístico - ficaram famosas as "Schubertíades" (serões musicais noite dentro entre amigos músicos e ligados às artes). Pessoalmente,
as características que mais admiro nas suas obras são o sentido
intimista, a facilidade melódica de grande lirismo e uma textura
tímbrica (principalmente na sua obra de câmara) simultaneamente
calorosa, clara e translúcida. As suas últimas obras são brilhantes no
sentido trágico do termo. Existem nelas um sentimento de angústia,
revolta contida, de profunda injustiça e desilusão perante a vida". Uma boa apreciação!
Franz Schubert (1797-1828) -
Quintet in C major, D.956
01. I. Allegro ma non troppo
02. II. Adagio
03. III. Scherzo_ Presto - Trio_ Andante sostenuto
04. IV. Allegretto
Quartet in C minor, D.703 - 'Quartettzatz'
05. I. Allegro
06. II. Andante (fragment)
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Tokyo String Quartett
Martin Beaver, Kikuei Ikeda, violinos
Kazuhide Isomura, viola
Clive Greensmith, cello
David Waltkin, cello (D. 956)
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Um comentário:
Carlinus, que postagem maravilhosa. Como, aliás, tantas outras postagens maravilhosas. Minha gratidão pelo seu incansável e importante trabalho é imensa!
Grande abraço de Itanhaém/SP!
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