quinta-feira, 22 de julho de 2010

Johann Sebastian Bach (1685-1750) - Missa em Si menor, BWV 232

Diante de uma peça como esta o que nos resta é ficar em silêncio. Acredito que essa missa fenomenal tem o poder de erguer os mortos de seus túmulos. De dá fé aos incrédulos. De libertar as almas cativas da escuridão solapante da ignorância. Fecundar jardins onde só existam desertos. É um trabalho que dirime qualquer dúvida com relação à genialidade de Bach. O compositor alemão transformou a fé cristã em música e isso nos enternece. Você pode não comungar com o cristianismo. Detestá-lo. Mas ao ouvir Bach, um sentimento inquiridor lhe atravessa a alma: "Será?" As vezes fico a pensar: "Bach não foi humano. Ele foi um sonho. Um ente angificado". Todavia, este fato contraria a natureza. Choca-se contra as leis que regem o cosmos. E isso resulta numa hipótese consequente: se ele foi homem esse fato engradece as pontencialidades humanas. Ou seja, o quanto o ser humano é complexo e extraordinário; capaz de grandes realizações. Quando nos referimos a Bach, as palavras devem soar hiperbólicas por um simples fato: ele é grande. Portanto, é mister afirmar que Bach não foi um músico: ele é a própria música. Bach é uma catedral no qual entramos e nos perdemos pela sua grandiosidade. É aquela mesma relação que existia na Idade Média. As catedrais eram enormes, porque queriam transmitir a ideia de excelsitude da divindade. O crente ao ingressar no templo se perdia e ficava com aquele senso que estava mergulhado no divino, nas dimensões inumanas da existência. Bach possui essa equivalência. Sua música é uma porta que nos permite ter acesso a um mundo que não é mundo. É o próprio limiar da eternidade. Há uma passagem no livro do profeta Isaías que é sintomática. Diz o autor sagrado que certa vez Isaías foi ao templo em Jerusalém e lá chegando teve uma visão de Deus. "...eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo" - palavras do profeta. A visão da sublimidade da divindade gerou em Isaías a consciência de suas limitações. Ele proferiu mais ou menos assim: "Ai de mim! Estou perdido! Sou um homem de lábios impuros. Habito no meio dum povo de lábios impuros, cheios de ignorância, e os meus olhos viram aquilo que não pode ser medido pela lógica dos homens, nem pode ser medido por qualquer entendimento que se possa conceber". Bach, inevitavelmente, fecunda em nós o desejo de beatificação. Provoca em nós contrição, mansuetude e silêncio. Não deixe de ouvir este registro soberbo e magnífico. A regência fica por conta de Sergiu Celibidache. Boa prece contrita!

Johann Sebastian Bach (1685-1750) - Missa em Si menor, BWV 232

DISCO 1

I. KYRIE
01. Chorus: Kyrie Eleison
02. Duet: Christe Eleison
03. Chorus: Kyrie Eleison

II. GLORIA
04. Chorus: Gloria In Excelsis
05. Chorus: Et In Terrra Pax
06. Aria: Laudamus Te
07. Chorus: Gratias Agimus Tibi
08. Duet: Domine Deus
09. Chorus: Qui Tollis Peccata Mundi
10. Aria: Qui Sedes Ad Dexteram Patris
11. Aria: Quoniam Tu Solus Sanctus
12. Chorus: Cum Sancto Spiritu

DISCO 2

III. CREDO
01. Chorus: Credo In Unum Deum
02. Chorus: Credo In Unum Deum, Patrem Omnipotentem
03. Duet: Et In Unum Dominum
04. Chorus: Et Incarnatus Est
05. Chorus: Crucifixus
06. Chorus: Et Resurrexit
07. Aria: Et In Spiritum Sanctum
08. Chorus: Confiteor
09. Chorus: Et Exspecto Resurrectionem

IV. SANCTUS
10. Chorus: Sanctum
11. Chorus: Osanna In Excelsis
12. Ara: Benedictus Qui Venit
13. Chorus: Osanna (Da Capo)

V. AGNUS DEI
14. Aria: Agnus Dei
15. Chorus: Dona Nobis Pacem

Na Amazon

Münchner Philharmoniker
Bach Choir of the Johannes Gutenberg University Mainz (Chorus Master: Joshard Daus)
Sergiu Celibidache, regente
Barbara Bonney, soprano
Ruxandra Donose, mezzo-soprano
Cornelia Wulkopf, alto
Peter Schreier, tenor
Yaron Windmüller, barítono
Anton Scharinger, baixo

BAIXAR AQUI CD1
BAIXAR AQUI CD2


*Se possível, deixe um comentário. Sua participação é importante!

5 comentários:

Eduardo disse...

Prezado amigo,

Infelizmente o arquivo do CD2 está corrompido.

Com isto faltam as faixas de IV. SANCTUS e V. AGNUS DEI.

Grato pelo excelente post !

Carlinus disse...

Verificarei, Eduardo. Pelo menos o meu arquivo está ok. Vou baixar e qualquer coisa eu subirei o arquivo mais uma vez. Queria saber se aconteceu o problema com mais alguém.

Tente descompactar o arquivo com o 7-zip.

Abraços!

Anônimo disse...

baixei só pra depois exclui a parte dois e esta funcionando perfeitamente. cade os blues que ta faltando nesse blog.

Anônimo disse...

cara, seu trabalho é incrível! Estou aproveitando ao máximo as coisas que você disponibiliza. Só senti falta das suítes pra cello de bach. Se eu puder sugerir um intérprete, seria Paul tortelier.

Muito obrigado!

Anônimo disse...

o arquivo está indisponível no megaupload;
Ansioso para ouvir o Sergiu.....