quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Felix Mendelssohn (1809-1847) - Sonho de uma noite de verão - música incidental, Op. 61

Quando penso na música de Mendelssohn, sempre me vem à mente uma sensação de alegria juvenil despreocupada, tépida, repleta de sentimentos ensolarados. Talvez, a impressão resultante da sinfonia número 4, "Italiana", tenha se tornado numa influência preponderante. E o que dizer de o Sonho de uma noite de verão? Mendelssohn conseguiu transferir o aspecto emblemático tal qual Shaskepeare o empregou quando escreveu a sua obra homônima. Ou seja, a obra escrita para o teatro se perpetua, em carga dramática e espiritual, na obra musicada. Mendelssohn era um indíviduo culto, dono de uma grande versatilidade artística; conhecedor de tendências e mundos literários. Mendelssohn contribuiu singularmente para perpetuar o gênio shakespereano nessa obra. O mais incrível nisso tudo - e devo afirmar que se trata de algo estarrecedor - é que Mendelssohn era uma adolescente quando escreveu esta obra. Tinha apenas 15 anos de idade. Algo verdadeiramente incrível. A obra é ágil, cheia de um colorido alegre; é bela, perfeita, revelando uma alma sonhadora. A obra revala o jovem Mendelssohn. As suas aspirações; sua sabedoria precoce; e, acima de tudo, suas espectações pueris. Sonho de uma noite de verão deixa-nos com aquela impressão de que há homens que já perceberam, apreenderam e sentiram o inefável; que já apalparam a beleza. Revela-nos a verdade abismadora proclamada por Nietzsche, a de que "a arte existe para dar sentido à vida". Sem a arte o mundo humano já teria se desvanescido. Quando se estiver triste, quando a vida se encher de escuridade; ou naqueles dias em que o mundo parece conspirar, é necessário ouvir esta música que segreda-nos verdades ocultas. A "Abertura" é uma porta que se nos abre, convidando-nos para o mundo das fadas, dos duendes, dos contos imaginosos, de encantamentos, de amores impossíveis ou que se realizam, de fantasia, verdadeira fantasia. Entusiasmo-me quando escuto esta obra. Ficamos elucubrando com aquelas sentimentalizações de que a vida vale a pena. Portanto, não deixe de ouvir este registro imperdível com Otto Klemperer. Aprecie sem moderação, pois quanto mais somos penetrados pela beleza da arte, melhores seres humanos nos tornamos.

Felix Mendelssohn (1809-1847) - Sonho de uma noite de verão - música incidental, Op. 61

01. Overture, Op. 21 [12:51]
02. I. Scherzo [5:29]
03. IIa. March of the Fairies [1:17]
04. III. 'Ye Spotted Snakes' [4:39]
05. V. Intermezzo [3:57]
06. VII. Nocturne [7:02]
07. IX. Wedding March [5:00]
08. Xa. Funeral March [1:01]
09. XI. Dance of the Clowns [1:49]
10. Finale. 'Through the House' [4:48]

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Philharmonia Orchestra
Philharmonia Chorus
Heather Harper, soprano
Janet Baker, contralto
Otto Klemperer, regente

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3 comentários:

Affonso disse...

Excelente gravação. Sou um grande fã do maestro Otto Klemperer.

Obrigado!

Carlinus disse...

Também sou um entusiasta em relação Klemperer.

Saudações musicais!

Anônimo disse...

"Logo que me tire d´alma"
Obrigado a vocês por este trabalho tão fascinante e generoso.

Léo