terça-feira, 11 de agosto de 2009

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 8 in E flat major - Sinfonia dos Mil

Durante a composição da Sétima Sinfonia, isso lá pelos idos de 1906, "Mahler travou contato com um poema medieval do monge Hrabanus Maurus, chamado Veni Creator Spiritus (Vem, Espírito Criador!) e ele imediatamente foi tomado por uma súbita inspiração, ouvindo o texto todo em música. Pediu a tradução imediata do texto do latim para o alemão e iniciou aquela que seria a sua Oitava Sinfonia, que ele próprio considerava sua melhor obra. A inspiração tomou-lhe o espírito com tamanha intensidade que completou a Sétima rapidamente, sem o habitual esmero de revisar as idéias e a partitura. A Oitava, por sua vez, é uma retomada de suas energias criadoras e um ponto-chave de um a nova fase, tanto estética como espiritual. A volta do uso expressivo da voz na sinfonia, mas de maneira muito particular e original, sendo inteiramente cantada por oito solistas, coro duplo e coro infantil, além de orquestra duplicada e órgão, dando à sinfonia o subtítulo de Sinfonia dos Mil, pois em sua estréia - a última que o próprio Mahler regeu - o contingente instrumental e vocal contabilizava 1023 pessoas. Mahler mesmo descreve a composição desta magnífica obra: "O Spiritus Creator se apossou de mim e me sacudiu, e me impeliu para adiante, e como de um só golpe, tudo estava diante de mim; não só o primeiro tema, mas todo o primeiro movimento". O compositor, que parecia ter esgotado as possibilidades combinatórias cerebrais, curvou-se ao coração, escrevendo a sinfonia inteira, de 80 minutos, em 3 meses, e ainda confidenciando a Schoenberg que "era como se toda ela me tivesse sido ditada", uma sensação de "ser composto", e não de compor. Ao terminá-la em 1906, escreveu ao maestro Mengelberg: "Aqui me encontro mergulhado nas notas! Apenas terminei minha Oitava. É a maior coisa que escrevi. É de tal modo especial no conteúdo e na forma que me é impossível falar nela. Procure imaginar que o Universo inteiro comece a vibrar e ressoar. Não se trata de vozes humanas, mas planetas e sóis que giram". E também, muito a propósito, "todas as minhas sinfonias anteriores foram apenas esboços para esta". Unindo seus estados de consciência, reflexão íntima na busca pela redenção, sublimação dos conflitos e ideal estético, sem dúvida a Oitava era a coroação definitiva, a confluência de todo o seu universo material e espiritual, finalmente unificado, materializado. De fato, é uma sinfonia que transpira luminosidade, esperança, otimismo da primeira à última nota. Para completar a primeira parte, o hino Creator Spiritus, Mahler escolheu musicar o final do Segundo Fausto de Goethe, que descreve a redenção humana através do Amor Cristão, dissipando as vontades terrenas na escolha de Fausto pela virtude divina e não pelas venturas terrestres. Mahler sem dúvida encontrou aí as respostas para seus conflitos espirituais, e a fluência da inspiração confirmou ainda mais o caminho escolhido, terminando a sinfonia num clima absolutamente nobre e solene (o Chorus Mysticus), com grupos de metais espalhados por todo o teatro entoando o tema principal, num triunfo de glória que confere à esta Sinfonia um caráter eminentemente ritual. A partir da composição da Oitava sua vida mudou radicalmente, ele próprio escreveu várias vezes sobre a dificuldade de mudar hábitos arraigados mas que tinha uma íntima necessidade de fazê-lo. Conformando-se com a doença no coração que o mataria dali a pouco, passou a visitar mais amigos, a escrever cartas de amor à sua esposa (cuja relação havia se esfriado substancialmente com a morte de sua filha), e mostrou-se extremamente generoso, até para com seus detratores. Chegou a doar uma grande quantia em dinheiro para Schoenberg, que passava por sérias dificuldades financeiras, e abrir mão dos honorários de publicação de suas quatro primeiras sinfonias para que a editora pudesse lançar obras de compositores menos conhecidos. Isolou-se por longas temporadas em sua casa de campo, no interior da Áustria, deixou o cargo na Ópera de Viena e fez viagens regulares a Nova York para reger a Filarmônica e o Metropolitan Opera House. Em busca de explicações mais profundas para seus problemas e transformações pessoais, foi ter com Freud em Viena e fez algumas consultas com ele; travou contato com medos e impressões da infância que até aquele momento o atormentavam, e que sem dúvida lhe deram subsídios para entender muito daquilo que tinha escrito; além de ter reconhecido sua atitude autoritária para com sua esposa". Em minha humilde opinião, esta não é a grande obra do compositor. Vejo-a como um surto megalomaníaco do compositor. Mas não vejo este fato de forma negativa. Para alguém como Mahler, esses empreendimentos eram normais e esperados. Como nas outras duas sinfonias de Gustav já postadas aqui, a regência fica com Kubelik. Boa apreciação desse produto metafísico!

Parte do texto é meu e grande parte é extraída DAQUI

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 8 in E flat major - Sinfonia dos Mil

Parte I.
Hymnus, "Veni, creator spiritus"
1. Allegro impetuoso [21:30]

Parte II.
Schlußszene aus 'Faust'
2. Poco adagio [27:16]
3. Außerst langsam. Adagissimo [24:50]

Symphonie-Orchester des Bayerischen Rundfunks
Chor des Bayerische Rundfunks
Chor des Norddeutschen Rundfunks
Chor des Westdeutschen Rundfunks
Regensburge Dromspatzen
Frauenchodres Munchner Motettenchores
Rafael Kubelik, regente
Eberhard Kraus, órgão

MARTINA ARROYO Sopran / Magna peccatnx
ERNAS POORENBERSG sopran /Marer gloriosa
EDITHM ATHIS Sopran / Una poenrtentium(Gretchen)
JULIA HAMARI Alt / Mulier Samarrtana
NORMA PROCTER Alt / Maria Aegyptraca
DONALD GROBE Tenor / Doctor Marranus
DIETRICHF ISCHER-DIESKABU bariton/ Patere csraticus
FRANZ CRASS Bass / Pater profundus

BAIXAR AQUI

Por Carlos Antônio M. Albuquerque
Have Joy!

2 comentários:

Unknown disse...

Mil e vinte e três pessoas tocando a música de Mahler...É difícil de encontrar algo tão poderoso quanto.
Ah! Como amo a boa música!

Mike disse...

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