A Suite Pulcinella, com sua elegância e originalidade, é o coroamento da fase em que Stravinsky permaneceu retirado em seu refúgio na Suíça, quando dedicou-se particularmente à criação de uma grande e inspirada série de obras de câmara. Isto se deu um ano antes de sua mudança para Paris. Terminada a 20 de abril de 1920 e estreada com enorme sucesso a 15 de maio do mesmo ano, Pulcinella nasceu não só da encomenda de Sergei Diaghilev para o seu balé russo, mas foi também a realização, para Stravinsky, de um antigo sonho de trabalhar com Picasso, com quem há muito se identificava esteticamente. Já de seus encontros com o genial pintor espanhol nos idos de 1917, em Roma e Nápoles (onde Stravinsky estivera para reger Pássaro de Fogo e Fogos de Artifício com o balé russo), nascera o acordo entre os dois de trabalharem juntos no resgate de antigas aquarelas italianas para o palco das "commedia dell"arte" renascentistas. A encomenda de Diaghilev vinha de encontro a uma fase em que Stravinsky se ocupava intensamente com música antiga. Diaghilev sabia disso e não perdeu a oportunidade de se aproveitar destas condições favoráveis ao descobrir, em Nápoles e Londres, a música de Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736), que o encantou e seduziu. A ela juntou o texto escolhido de um compêndio composto por várias comédias do folclore napolitano, manuscrito datado de 1700 e encontrado em Nápoles, do qual foram excluídos os nomes dos autores. O texto chamava-se Os Quatro Pulcinellas Iguais e contava a história de Pulcinella, um rapaz aventureiro, amado por todas as moças do lugar e odiado pelos noivos destas. Então três destes enciumados rapazes se fantasiaram de Pulcinella e se apresentaram às suas noivas como tal, aproveitando-se da situação para atacar e se ver livre do que eles achavam ser o verdadeiro Pulcinella. Só que aquele que eles deixam estirado no chão como morto, pensando com isto terem se livrado de seu rival, não era outro senão um sósia que Pulcinella colocara em seu lugar ao perceber toda a trama. Pulcinella, então, fantasia-se de mágico, faz uma cena como que ressuscitando o morto e acaba casando os três noivos com três das noivas, tomando para si próprio a Pimpinella como mulher, a quem ele queria. Para o balé de oito cenas, Stravinsky escreveu 15 números musicais, que contaram não só com a sua genialidade, mas também com a de Picasso – que se encarregou dos cenários e dos costumes, a de Massine, responsável pela coreografia, e a de Diaghilev, dirigindo o balé russo. A Suite Pulcinella é uma forma concertante, portanto reduzida, do balé, a qual teve sua revisão definitiva em 1949. (...)
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Igor Stravinsky (1882-1971) - Pulcinella (revisão de 1947)
01. Overture
02. Serenata_ Mentre l'erbetta pasce l'agnella
03. Scherzino
04. Poco piu vivo_ Benedetto, maledetto
05. Allegro
06. Andantino
07. Allegro_ Gnora crediteme ch'accossi e
08. Allegreto_ Contento forse vivere
09. Allegro assai
10. Allegro (alla breve)_ Con queste paroline
11. Largo (Trio)_ Sento dire no'nce pace
12. Allegro -- alla breve
13. Tarantella
14. Andantino_ Se to m'ami
15. Allegro
16. Gavotta con due variazioni
17. Vivo
18. Tempo di minuetto_ Pupillette, fiammette d'amore
19. Allegro assai
20. First hand
21. Second hand
22. Third hand
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London Symphony Orchestra
Claudio Abbado, regente
Tereza Berganza, mezzo-soprano
Ryland Davies, tenor
John Shirley-Quirk, bass
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2 comentários:
Stravinsky! Que deliciosa surpresa!
Pulcinella é um dos poucos trabalhos do Igor que eu não conheço, bom... vou resolver isso xD
Claudio Abbado e LSO, ótimos artistas.
por favor, revalide este post. abbado.berganza e cia estão maravilhosos!!! muito obrigado!!!
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