sábado, 3 de setembro de 2011

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 4 em G e Sinfonia No. 5 em Dó Sustenido Menor (CDs 5 e 6 de 12)

Sigamos com a nossa caminhada. Mahler é o nosso guia. Dessa vez surgem dois dos trabalhos mais representativos do compositor austríaco. A Quarta é, das sinfonias mahlerianas, a mais simples, a mais direta, mas nem por isso, a menos inexpressiva. Muito pelo contrário. Ela é dadivosa. É uma expressão profunda da estética mahleriana. É a voz de uma criança sussurrando a visão que está tendo do paraíso. A número 5 é um divisor de águas entre as sinfonias do compositor. Nela insere sua genialidade para a orquestração. É um trabalho complexo sob vários aspectos. Mahler busca com música densa, aterradora, dramática, "desesperada" (em acepção kierkegaardiana) retratar os dramas filósoficos da existência humana - ou da sua mesmo (do compositor)? O fato é que conheci Mahler por intermédio dessa sinfonia. E desde o primeiro encontro, a Quinta e a Primeira têm sido as sinfonias que mais aprecio. Não descarto a beleza da Quarta. Mas as duas que citei são especiais. Não deixe de ouvir estas duas belos trabalhos com o Abbado. Um bom deleite!

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 4 em G e Sinfonia No. 5 em Dó Sustenido Menor

DISCO 05
Sinfonia No. 4 em G
01. I. Bedächtig. Nicht eilen
02. II. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast
03. III. Ruhevoll
04. IV. Das himmlische Leben. Sehr behaglich

Wiener Philharmoniker Claudio Abbado, regente
Frederica von Stade, mezo-soprano
DISCO 06

Sinfonia No. 5 em Dó Sustenido Menor

01. 1. Trauermarsch
02. 2. Stürmisch bewegt. Mit grösster Vehemenz
03. 3. Scherzo - Kraftig, nicht zu schnell
04. 4. Adagietto - Sehr langsam
05. 5. Rondo - Finale - Allegro

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regente
 
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3 comentários:

Autumnal Nostalgic disse...

Muchas gracias por estas joyas, esperaré paciente los otros discos

Anônimo disse...

For tis is the twilight of the Gods... Com esta frase, da famosa cena da Imolação de Brunhilde do final do Crepúsculo dos Deuses - Die Gotterddammerung - de Richard Wagner somos confrontados com a realidade que Nietzsche nos apresenta. A cena da Imolação, de seus compassos iniciais até o final da ópera O Crepúsculo dos Deuses que encerra o Ciclo do Anel por si só sintetiza toda a riqueza da experiência humana. Dos primeiros ancestrais, das microscópicas formas de vida monocelulares ao mais complexo e detalhado cromossomo em uma cadeia de DNA ao princípio único formador do Cosmos, tudo isso pode ser encontrado com sutileza e também com avassaladora revelação - catarse total do criador e criatura, simbiose poética de uma realidade metafísica e tão simplesmente única e humana, demasiada humana, são de forma magistral descritas em sons por Wagner. Só por esses compassos e notas que não chegam a durar mais de 18 minutos, dependendo do regente e de sua leitura da partitura do Mestre de Bayreuth. Dos registros de Solti com Birgit Nilson na clássica e insuperável gravação do Ciclo do Anel pela Decca nos anos 60 até a interpretação ao vivo do Lincoln Center de Norman sob a regência de Kurt Masur, esta música parece falar de nossa mais íntima história, da trajetória humana, daquela criança ainda em fase uterina até o idoso que se vê diante de sua finitude com o declinar do vigor ao passar do tempo... É MUITO humano e, paradoxalmente, por ser tão humano e contundente, faz-nos ter uma idéia do divino pois que extrapola nosso próprio conhecimento. Sei que não tens a paciência para com Wagner que tenho, amigo Carlinus e cultuo e respeito nossa amizade e pontos de vista antagônicos justamente por esta diferença e respeito. Contudo, diante de um mundo etéreo ofertado pelos sons de Bach, da prodigalidade harmônica e criadora de Mozart e da própria música de Mahler, passando pelo legado de Beethoven, que teria em Wagner seu sucessor de direito e mérito, no final do Crepúsculo toda a música se faz menor face a profundidade filosófica dos sons que Wagner nos resgata de um Olimpo viciado e intoxicante. E se Nietszche, quando de Parsifal, mais ainda se afasta de Wagner, modernas descobertas autógrafas de ambos, Wagner e Nietzsche, comprovam que a despeito de O Caso Wagner, esses dois imensos espíritos e mentes buscavam-se numa unidade maior que as diferenças, reconhecendo o valor de cada um e aí o humano se exalta no divino. A Carmen de Bizet que tanto atraiu nos últimos anos a Nietzsche está repleta do legado Wagneriano mas é, em estrutura, um retorno à clássica construção melódica da ópera romântica, ainda que o tema seja verista. Creio que não devemos, melômanos que somos, todos, nos ater a discutir quem seja este o melhor ou maior. Todos deram sua contribuição. Mas como na grande ária final de Die Meistersinger, Wagner nos adverte a não desprezar os Mestres e sim reverenciar sua arte. É preciso um Walther von Stolzing para que os Beckmessers da vida precisem dar o devido valo a Hans Sachs... Um tríplice e harmonioso abraço, nas luzes do amanhã que Strauss descreve nos compassos iniciais do Also Spracht Zarathustra, do teu amigo e admirador, defensor e divulgador de teu Blog, o wagneriano confesso A. C. C.

Carlinus disse...

Obrigado pelo seu comentário erudito. Nesse ambiente na qual as minhas palavras são parcas, mas a música é grande, seu comentário enriquece, torna mais bonito e elegante a esse espaço.

Um abraço musical!