Hoje, em homenagem ao feriado religioso de Corpus Christi, resolvi fazer essa monumental postagem. Confesso que tenho um duplo sentimento em relação ao Réquiem de Brahms: (1) primeiro de felicidade, por se tratar de uma das peças mais belas que existem. A profundidade da abordagem. A linguagem tocante. O clima de contrição e excelsitude. A viagem inevitável aos sentimentos mais atemporais e eternos. Impossível não pensar em outro mundo, em outra realidade; na finitude da vida. Nos momentos fugidios da existência. No ir e vir de cada manhã. No fato de estarmos aqui e, de repente, como num passe de mágica, como se fossêmos apagados por uma borracha contumaz, deixarmos a vida num movimento abrupto do tempo. Ou como numa das passagens do réquiem de Brahms, extraída da carta do apóstolo Pedro, apontando a efemeridade, escolhida por Brahms: "Porque toda carne é como a erva e toda a glória do homem é como as flores do campo. A erva seca, e a flor cai". Segundo os historiadores, Brahms teria sido impulsionado a escrever o seu Réquiem após a morte de sua mãe, em 1865. Nada mais terrível do que perder a mãe, um dos seres responsáveis por nos ofertar a vida; por nos lançar dentro das dores e das belezas do mundo. (2) o segundo sentimento em relação a essa obra é de que, nem sempre, eu estou preparado para ouvir. O senso estético de uma espiritualidade profunda e densa em mais de uma hora de coros e vozes; massas corais, que duelam com seres angélicos e barítonos e sopranos exaltados. Uma sensação sufocante e terrífica, impingindo uma experiência dúbia de tormento e paz, numa reflexão dura e aparentemente aziaga sobre a morte, deixam-me num estado de tensão. Mas talvez aí resida toda a sua energia, toda a sua beleza, toda a sua grandeza. Esta é, com certeza, uma das mais monumentais peças já compostas em todos os tempos. Essa gravação com Otto Klemperer, um dos grandes nomes da regência do século XX, estava comigo já há uns três anos. Ouço-a pela primeira vez e a qualidade é inegável. Não deixe de se contristar e meditar sobre a vida. A beleza tem esse poder. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!
Johannes Brahms (1833-1897) - German Requiem, Op. 45
German Requiem, Op. 45
01. Selig Sind, Die Da Leid Tragen
02. Denn Alles Fleisch, Es Ist Wie Gras
03. Herr, Lehre Doch Mich
04. Wie Lieblich Sind Deine Wohnugen
05. Ihr Habt Nun Traurigkeit
06. Denn Wir Haben Hie Keine Bleibende Stat
07. Selig Sind Die Toten
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Philharmonia Orchestra et Choeurs
Otto Klemperer, regente
Dietrich Fischer-Dieskau, barítono
Elisabeth Schwarzkopf, soprano
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Um comentário:
Grato pelo visita ao blog, Carlinus. Seja sempre bem-vindo. E parabéns pela postagem, melhor adequação ao dia, impossível. Ainda mais para mim, fanático por Brahms. Abraço.
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