Surge agora o penúltimo CD com as sinfonias de Tchaikovsky. A Sinfonia No. 6, "Patética", surge com os seus efeitos fabulosos. É uma peça sombria, com fúrias explosivas e momentos de um lirismo profundo. Foi a última obra composta por Tchaikovsky. As demais peças que vieram foram publicadas postumamente. O compositor regeu a estreia da peça, no dia 28 de outubro de 1893 (ano da sua morte), em São Petersburgo. Tchaikovsky dedicou a obra ao seu sobrinho Vladimir Davydov. Segundo a wikipédia: "Sabe-se que o próprio compositor a nomeou de “Pathétique” (apesar de ter sido aparentemente sobre proposta do irmão Modest). A palavra portuguesa “Patética” no seu uso atual não traduz a intenção do compositor que nos queria dar com esta indicação a noção de que esta era uma obra para ser ouvida “com o coração”, uma obra que pretendia desencadear emoções fortes. A segunda pista que temos quanto ao “programa” de Tchaikovsky relativo esta peça pode ser encontrada numa carta que enviou ao seu sobrinho: “Sabes que destruí uma sinfonia que compunha neste Outono. Durante minha viagem tive uma idéia para uma outra sinfonia, desta vez com um programa, mas uma programa que vai ser enigma pra todos – Deixem-os adivinhar; a sinfonia terá o nome ‘Sinfonia com Programa’... O Programa em si mesmo estará cheio de subjetividade e chorei bastantes vezes na minha viagem enquanto a compunha mentalmente. [...]” Como podem ver por esta carta Tchaikovsky chegou a pensar num outro nome para a sinfonia, mas resolveu aceitar a sugestão do irmão, dado que este outro nome apenas iria chamar a atenção para o programa subjacente que não pretendia revelar, pelo menos não no imediato. Embora em quatro movimentos, esta sinfonia tem como distintivo o ultimo movimento lento. O primeiro movimento (Adagio–Allegro non troppo) em Si Menor é uma verdadeira montanha russa de emoções, cheia de tensão de passagens sombrias lentas, outras igualmente sombrias mas rápidas que formam um conjunto notável com duas belíssimas melodias, sobretudo o segundo tema do desenvolvimento. É um movimento relativamente alegre no tom, mas que nunca deixa a sensação do destino que se pode abater a qualquer instante. Acalma mas não o suficiente para nos traquilizar completamente. O segundo movimento é uma extraordinária melodia que contrasta com o primeiro movimento e serve como contraponto à tensão exercida no primeiro movimento. O terceiro movimento (Allegro molto vivace) em Sol Maior é uma espécie de marcha, sem no entanto ser verdadeiramente triunfante, tal como o segundo andamento poderia ser uma alegre valsa sem nunca realmente o ser, nem pelo tempo que não é exatamente o de uma valsa nem pelo espírito. Numa interpretação pessoal, diria que Tchaikovsky, nestes dois movimentos, procura transmitir-nos metaforicamente a instabilidade, o frágil equilíbrio em que repousa a nossa felicidade e o todo poderoso e tenebroso destino ao qual sempre nos abandonamos. Alias, este andamento acaba de tal forma que muitas vezes as pessoas acreditam que a sinfonia acabou. O quarto movimento (Finale. Adagio lamentoso) em Si Menor retoma assim, novamente, o tom lúgubre do primeiro andamento. A vitória do tenebroso destino, quando se pesava a vitória. As partituras para a Orquestra são bastante originais, dado que a melodia é partilhada pelos primeiros e segundos violinos (efeitos aliás reproduzido noutros naipes)". Fica aqui a certeza de uma obra com fortes elementos trágicos e líricos. Aparece ainda neste CD a Abertura de Romeo e Julieta. Boa audição sábatica!
Piotr Ilytch Tchaikovsky (1840-1893) -
Sinfonia No. 6 in B minor, Op. 74 - "Patética"
01. Adagio – Allegro non troppo
02. Allegro con grazia
03. Allegro molto vivace
04. Finale — Adagio lamentoso
Royal Concertgebouw Orchestra
Bernard Haitink, regente
Have Joy!
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