As quatro sinfonias de Brahms foram escritas em um período de nove anos - entre 1876 e 1885. Ou seja, o compositor demorou, em média, dois anos para lançar cada uma delas. São verdadeiros patrimônios da potência humana. Expressam um dos momentos mais profundos do movimento romântico. Brahms era um sujeito pouco dado a expansões. Segue a tradição clássica e realiza um tributo à grandiosidade de Beethoven.
A Sinfonia No. 1 é do ano de 1876. Brahms sentia uma enorme insegurança em publicá-la, pois, depois do que Beethoven escrevera, seria difícil trazer uma sinfonia ao mundo. Após ouvi-la, o maestro Hans von Bülow, amigo do compositor, chamo-a de "a Décima de Beethoven", dada sua grandiosidade e estrutura monumental. Foi um sucesso imediato. Nesse mesmo período, Bruckner, outro genial sinfonista, estava procurando um lugar ao sol. Só começou a ter o reconhecimento que merecia a partir da Sétima. Brahms, por sua vez, só precisou de uma obter sucesso.
A Sinfonia No. 2 é do ano de 1877. Ela é descrita como a mais lírica e com fortes ecos pastorais entre as quatro. Brahms escreveu enquanto se encontrava Pörtschach, na Áustria, local que inspirou o compositor com sua rara beleza natural. Ela diverge da Primeira por ser mais suave e ensolarada; evoca uma clima quase bucólico. O segundo movimento é um dos momentos mais bonitos da música ocidental.
A Sinfonia No.3 é do ano de 1883; ou seja, foi escrita seis anos após a Segunda. É a mais compacta das quatro. É relativamente curta e possui uma estrutura bastante coesa. O tema que a atravessa é nobre, mas repleta de tensões internas constantes, como é próprio da linguagem sinfônica do compositor. O terceiro movimento é de uma beleza única, habitado por uma melancolia grave, mas ao mesmo tempo serena. Quando a escreveu, o compositor já se encontrava com cinquenta anos e plenamente seguro e maduro.
A Sinfonia No. 4 é do ano de 1885. É considerada por muitos como a obra-prima sinfônica do compositor. Escrita em um tom austero e destilando grande nobreza, a Quarta possui um tom introspectivo e trágico. Entre as Quatro, é de que mais gosto. Enquanto a Segunda possui uma evocações luminosas, a Quarta é sombria, reflexiva, mas sem ser niilista. Tudo é conduzido com uma enorme solenidade. Seu quarto movimento é a exaltação da perfeição. Brahms demonstra pleno controle de sua arte; deixa explícito o quanto é gigante.
Não deixe de ouvir essa bela integral com John Eliot Gardiner, algo digno da música de Brahms. Uma boa apreciação!
Johannes Brahms (1833-1897) -
01 I. Un poco sostenuto – Allegro
02 II. Andante sostenuto
03 III. Un poco allegretto e grazioso
04 IV. Adagio – Più andante – Allegro non troppo, ma con brio – Più allegro
05 I. Allegro non troppo
06 II. Adagio non troppo
07 III. Allegretto grazioso (quasi andantino)
08 IV. Allegro con spirito
09 I. Allegro con brio
10 II. Andante
11 III. Poco allegretto
12 IV. Allegro
13 I. Allegro non troppo
14 II. Andante moderato
15 III. Allegro giocoso
16 IV. Allegro energico e passionato
Royal Concertgebouw Orchestra
John Eliot Gardiner, regente
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Um comentário:
eu fiquei chocado e um tanto perplexo com a história de agressão envolvendo Gardiner. Seja como for, gostei desta integral. Obrigado pela postagem.
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