sábado, 17 de maio de 2025

Gustav Mahler (1860-1911) - Symphony No. 2 in C Minor - "Ressurrection"

Certamente, a Sinfonia No. 2, de Mahler, denominada "Ressurreição", é um dos trabalhos sinfônicos mais importantes da história. Ela é um marco do repertório sinfônico tanto pelas questões estruturais quanto pela profunda e instigante abordagem religiosa e filosófica, algo bem característico dos trabalhos do compositor austríaco.  

Mahler começou a compor a sinfonia logo após concluir sua Primeira Sinfonia. Inicialmente, o primeiro movimento foi concebido como um poema sinfônico independente intitulado Totenfeier ("Cerimônia Fúnebre"), composto em 1888. No entanto, ele só voltou ao projeto completo da sinfonia em 1893, concluindo os movimentos subsequentes nos anos seguintes, e finalmente orquestrando toda a obra em 1894. A estreia completa da sinfonia ocorreu em 13 de dezembro de 1895, em Berlim, sob a regência do próprio Mahler.

A Sinfonia No. 2 lida com questões as quais são centrais na vida humana: a morte, o sentido da vida, a redenção e a esperança na vida após a morte, ou seja, temas que são caros à doutrina cristã. Mahler usa uma linguagem permeada de drama e beleza para abordar questões filosóficas de grande profundidade. A existência humana é atravessada por essas indagações. Todavia, Mahler aborda essas questões e não permite que os questionamentos filosóficos conduzam ao mero niilismo. No último movimento, observa-se o triunfo, "a ressurreição", como último motor de esperança que dilacera todos os grilhões de incerteza e acaba por fundar um sólido fundamento de luminoso. Não há algo mais cristão do que isso.

O texto principal do hino no final da sinfonia é baseado no poema "Die Auferstehung" (A Ressurreição), escrito por Friedrich Gottlieb Klopstock, um poeta luterano do século XVIII. Mahler conheceu esse poema durante o funeral do maestro e amigo Hans von Bülow, em 1894, e ficou profundamente comovido com sua mensagem de esperança e transcendência. Inspirado por esse momento, ele decidiu usar o poema como base para o desfecho da sinfonia, que até então estava sem uma conclusão clara. Entretanto, Mahler não utilizou o texto de Klopstock integralmente. Ele acrescentou versos próprios para adaptar o conteúdo à sua visão pessoal da vida, da morte e da redenção. Assim, o hino final mistura elementos cristãos com uma espiritualidade mais universal e existencial.

O texto cantado no final fala da ressurreição dos mortos, do julgamento final e da vida eterna — temas centrais da escatologia cristã. Mas Mahler transforma essas ideias em algo mais introspectivo, mais humano do que dogmático.

Os versos (em tradução livre) dizem:

"Você ressuscitará, sim, você ressuscitará, minha alma, após um breve descanso!"
"Aquele que te chamou te dará vida eterna."

E depois, nos versos de Mahler:

"O que você sofreu não foi em vão."
"Você nasceu para não morrer!"

Esse trecho final é grandioso, não só pelo impacto orquestral e coral, mas pelo sentido emocional e espiritual. Ele representa a vitória da alma sobre a morte - não apenas num sentido religioso tradicional, mas como uma metáfora da esperança humana frente à aniquilação.  

Não deixe de ouvir essa boa interpretação do selo Naxos. Uma boa apreciação!

Gustav Mahler (1860-1911) -

DISCO 01

01 - I. Allegro maestoso. Mit durchaus ernstem und feierlichem Ausdruck
02 - II. Andante moderato. Sehr gemächlich

DISCO 02

01 - III. In ruhig fließender Bewegung
02 - IV. Urlicht. Sehr feierlich, aber schlicht
03 - V. Im Tempo des Scherzos. Wild herausfahrend

Polish National Radio Symphony Orchestra (Katowice)
Cracow Radio & TV Choir

Antoni Wit, regente
Hanna Lisowska, soprano
Jadwiga Rappé, alto

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Um comentário:

ureshitakeshi disse...

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