Havia postado dois outros conjuntos com os quartetos de corda de Beethoven. Agora, sai o último pacote com os trabalhos finais do mestre alemão.
Gostei desse depoimento repleto de reminiscências, verbalizado por um sujeito pródigo em intenções poéticas chamado Milton Ribeiro. Servirá de introdução a essas obras graúdas, geniais, para os quais os adjetivos são insuficientes. Leia o depoimento abaixo:
É sempre difícil escrever sobre uma música que amamos muito e que nos faz lembrar fatos pessoais. A primeira coisa que me vem à mente quando penso no Opus 132 foi aquele momento mágico em que eu, sentado na pior sala de meu passado, ouvi iniciar o Allegro Appassionato (último movimento do quarteto) e vislumbrei que, logo aos primeiros compassos, minha filha, aos cinco anos de idade, entrava girando na sala, improvisando uma valsa que dançava sozinha, de olhos fechados, por puro prazer de ouvir a música… Foi tão marcante que hoje soa-me hipócrita dizer que o movimento principal deste quarteto é o imenso Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der lydischen Tonart, um agradecimento à divindade pela recuperação que Beethoven obteve após grave enfermidade. Mas é, claro que é. O terceiro movimento, com suas duas explosões de alívio é o centro e razão de ser desta grande e fundamental obra.
Quando os últimos quartetos foram apresentados pela primeira vez, não foram bem recebidos pelo público. Ao receber a notícia, Beethoven deu a célebre resposta:
- Gostarão mais tarde.
Como ele sabia que estava escrevendo para o futuro é algo que consigo mais ou menos entender observando a evolução de sua música. Outro fato que chama a atenção é que, estética e conceitualmente, estes quartetos parecem projetar-se na evolução da história da música para colocarem-se quase 100 anos sua época, talvez logo antes dos grandes quartetos de Schoenberg e Bartók. É um mundo à parte. Ouço a Claudia dizer que, na opinião dela, ISTO é Beethoven, e não seus concertos ou sonatinhas iniciais. Ela refere-se aos últimos quartetos, às últimas sonatas para piano, às Diabeli e certamente à Nona Sinfonia. O restante seria grandioso, mas menos pessoal e significativo. Lembro que quando era adolescente, nós tínhamos que nos aproximar destes quartetos respeitosamente e o Dr. Herbert Caro dizia que talvez fosse necessária maior maturidade para que um jovem pudesse entendê-los. Discordo postumamente do grande Dr. Caro, meu amigo e tradutor de Doutor Fausto, da Montanha Mágica, de Auto-de-Fé e outras tantas obras-primas; acho que sempre ouvi o Op.132 e 130 (o último acompanhado de sua Grande Fuga) da mesma forma e o respeito que sempre tive por estes quartetos emanava deles e não de minha atitude. O fato é que o Op. 132 é uma música que passou a fazer parte de mim muito cedo. Eu, um adolescente na casa de meus pais, costumava ficar deitado, antes de dormir, tentando reproduzir nota a nota o terceiro movimento. Cronometrava para ver se chegava perto de seus 15 minutos… Às vezes, pensava conseguir reproduzi-lo por inteiro. Mas nunca ninguém pode comprovar, nem eu.
Ludwig van Beethoven (1770-1827) - The Late String Quartets
DISCO 01
String Quartet No. 12 in E flat major, Op. 127:
1. Maestoso - Allegro
2. Adagio, ma non troppo e molto cantabile
3. Scherzando vivace - Presto
4. Finale
String Quartet No. 14 in C sharp minor, Op. 131
5. Adagio, ma non troppo e molto espressivo
6. Allegro molto vivace
7. Allegro moderato
8. Andante, ma non troppo e molto cantabile - Piu mosso
9. Andante moderato e lusinghiero
10. Adagio
11. Allegretto
12. Adagio, ma non troppo e semplice
13. Allegretto
14. Presto
15. Molto poco adagio
16. Adagio quasi un poco andante
17. Allegro
DISCO 02
String Quartet No. 13 in B flat major, Op. 130
1. Adagio ma non troppo - Allegro
2. Presto
3. Andante con moto, ma non troppo
4. Alla danza tedesca. Allegro assai
5. Cavatina. Adagio molto espressivo
6. Finale. Allegro
Fugue for string quartet in B flat major ('Grosse Fuge'), Op. 133
7. Overtura. Allegro - Fuga
8. Meno mosso e moderato
9. Allegro molto e con brio
10. Meno mosso e moderato
11. Allegro molto e con brio
12. Allegro
String Quartet No. 12 in E flat major, Op. 127:
1. Maestoso - Allegro
2. Adagio, ma non troppo e molto cantabile
3. Scherzando vivace - Presto
4. Finale
String Quartet No. 14 in C sharp minor, Op. 131
5. Adagio, ma non troppo e molto espressivo
6. Allegro molto vivace
7. Allegro moderato
8. Andante, ma non troppo e molto cantabile - Piu mosso
9. Andante moderato e lusinghiero
10. Adagio
11. Allegretto
12. Adagio, ma non troppo e semplice
13. Allegretto
14. Presto
15. Molto poco adagio
16. Adagio quasi un poco andante
17. Allegro
DISCO 02
String Quartet No. 13 in B flat major, Op. 130
1. Adagio ma non troppo - Allegro
2. Presto
3. Andante con moto, ma non troppo
4. Alla danza tedesca. Allegro assai
5. Cavatina. Adagio molto espressivo
6. Finale. Allegro
Fugue for string quartet in B flat major ('Grosse Fuge'), Op. 133
7. Overtura. Allegro - Fuga
8. Meno mosso e moderato
9. Allegro molto e con brio
10. Meno mosso e moderato
11. Allegro molto e con brio
12. Allegro
DISCO 03
String Quartet No. 15 in A minor ('Heiliger Dankgesang'), Op. 132
1. Assai sostenuto - Allegro
2. Allegro ma non tanto
3. Heiliger Dankgesang eines Genesenden an die Gottheit, in der lydischen Tonart. Molto adagio
4. Alla marcia, assai vivace - Più allegro
5. Allegro appassionato
String Quartet No. 16 in F major, Op. 135
6. Allegretto
7. Vivace
8. Lento assai e cantante tranquillo
9. Der schwer gefaßte Entschluß. Grave (Muß es sein?) - Allegro (Es muß sein!) - Grave, ma non troppo tratto — Allegro
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Melos Quartett
Wilhelm Melcher, 1. violino
Gerhard Voss, 2. violino
Hermann Voss, viola (alto)
Peter Buck, Violoncello
Wilhelm Melcher, 1. violino
Gerhard Voss, 2. violino
Hermann Voss, viola (alto)
Peter Buck, Violoncello
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