Brahms escreveu somente dois concertos para piano. Seria bom, como Mozart, que tivesse escrito mais de vinte. Mas, claro, que isso não ocorreria. Brahms era um compositor meticuloso, disciplinado, exigente. Não que Mozart não fosse. Mas, eram personalidades completamente diversas. Mozart era caudaloso; Brahms, produzia em doses suaves, quase como se destilasse gotas.
Por exemplo, o Concerto No. 1 foi iniciado em 1854 e somente foi terminado em 1858. Brahms pensou em uma sonata para dois pianos, depois migrou para a ideia de concerto para piano. O fato é que o Concerto possui uma orquestração densa, quase sinfônica. Ao fazê-lo, talvez, quisesse se desligar do virtuosismo - exibicionista - de Liszt. Era o que estava na moda. Não era sua característica. Brahms estava à procura da música absoluta; de uma música arrancada dela mesma; sem contaminações; uma música não representativa. Um exemplo é o magmático e eruptivo primeiro movimento do Concerto No. 1, que surge, cresce, ameaça apagar o horizonte e colocar-nos em um mundo sem perspectivas. Trata-se de uma música absurdamente trágica; que não permite pensar no azul do céu. Nuvens maciças, cinzentas, apagam a luminosidade e nos inserem numa atmosfera aflitiva. Isso seria a metáfora para o quê? Fico sempre com essa pergunta.
Já o Concerto No. 2 possui uma atmosfera completamente diferente. O primeiro movimento começa com um idílio. O "Allegro non tropo" começa com o som diáfano de uma trompa, que desenha cores suaves, como se abríssemos uma janela numa manhã primaveril. Aos poucos, o piano se apresenta e a música surge com toda a sua beleza orquestral. Os contornos da vida são preenchidos de maneira tranquila e ordeira. Ou seja, a obra é mais luminosa, repleta de um lirismo afirmativo; de um humor leve e não abrasivo.
O Segundo Concerto foi escrito entre os anos de 1878 e 1881. Estima-se que essa demora de um concerto para outro se dava pelo perfeccionismo do compositor; pela reverência que nutria pelos seus predecessores. Sua abordagem meticulosa obrigava-o a revisar incessantemente o que escrevia. Somente quando estava - em sua percepção - em nível razoável, ele a legitimava. Não deixe de ouvir esse bonito disco. Uma boa apreciação!
Johannes Brahms (1833-1897) -
DISCO 01
01. Piano Concerto No. 1 in D Minor, Op. 15: I. Maestoso (22:48)
02. Piano Concerto No. 1 in D Minor, Op. 15: II. Adagio (12:41)
03. Piano Concerto No. 1 in D Minor, Op. 15: III. Rondo (Allegro non troppo) (11:53)
04. 6 Klavierstücke, Op. 118: No. 2 in A Major, Intermezzo (6:10)
05. 5 Lieder, Op. 49: No. 4, Wiegenlied (2:28)
DISCO 02
01. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: I. Allegro non troppo (18:26)
02. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: II. Allegro appassionato (9:43)
03. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: III. Andante (12:20)
04. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: IV. Allegretto grazioso (9:24)
05. 21 Hungarian Dances, WoO 1: No. 5 in F-Sharp Minor, Allegro (2:20)
06. 16 Waltzes, Op. 39: No. 15 in A Major (1:30)
07. 3 Intermezzi, Op. 117: No. 1 in E-Flat Major, Andante moderato (5:13)
Bochumer Symphoniker
Herbert Schuch, piano
Tung-Chieh Chuang, regente
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