segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 6 em Lá Menor - "Trágica"

A antítese da Quinta é a Sexta, sinfonia que começa nos mesmos moldes, mas que não termina na resolução dos conflitos propostos, conservando as tensões harmônicas até o final, sendo por isso, conhecida como Sinfonia Trágica. Mahler a escreveu em 1905, quando descobriu que era portador de uma doença genética no coração, e que iria matá-lo em breve. Poucas obras musicais revelam com tamanha perfeição o conflito pessoal que o sufocava, tomando consciência de maneira bastante dura e irrevogável de sua condição humana, e, portanto, mortal. É uma sinfonia pesada, de orquestração maciça, harmonias fortes, mas também não sem encantos, sendo seu Andante uma das páginas mais apaixonadas de Mahler. De qualquer modo, não é uma sinfonia facilmente digerível; o clima angustiante de um herói às voltas com seu próprio limite permeia toda a sinfonia, incessantemente. Ao terminá-la, apesar de estar passando por um período relativamente tranqüilo de vida, viu expurgados anseios íntimos, antigas preocupações lhe afloraram. Boa apreciação!

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 6 em Lá Menor - "Trágica"

1. Allegro energico, ma non troppo. Heftig aber Markig [21:07]
2. Scherzo (Wuchtig) [11:41]
3. Andante moderato [14:39]
4. Finale (Allegro moderato) [26:36]

Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Rafael Kubelik, regente


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sábado, 28 de novembro de 2009

Claude Debussy (1862-1918) - Nocturnes, Première Rhapsodie, Jeux e La Mer

O tríptico La Mer tornou-se uma das mais conhecidas obras sinfônicas de Debussy. O música começou a trabalhar nos primeiros esboços de La Mer um ano após a estréia de sua ópera Pelléas et Melisande, encenada em 1902. As primeiras ideias musicais foram escritas na Borgonha, curiosamente bem distante do mar. Em 1904, Debussy instalou-se em Jersey, dando continuidade à elaboração de sua obra sinfônica, mas foi somente em 1905 que a partitura pôde ser completada, após um longo processo criativo. A estréia deu-se no mesmo ano em Paris, nos célebres Concerts Lamoureux, mas o público reagiu com frieza e hostilidade. Os críticos tampouco apreciaram a nova criação, na qual não viam nenhuma relação com o título e censuraram o compositor por ter empregado uma linguagem musical tão diferente daquela de sua ópera. Três anos mais tarde, La Mer foi apresentada nos Concerts Colonne, sob a direção do próprio compositor, e obteve estrondoso sucesso, impondo-se desde então como uma das mais importantes composições do repertório sinfônico. Os três movimentos de La Mer obedecem a um plano de composição extremamente bem definido e equilibrado. Todos os recursos e fantasias orquestrais do universo de Debussy são aqui utilizados e os títulos indicados pelo compositor ajudam-nos a mergulhar nas imagens marítimas que esta obra-prima suscita. O projeto de criação dos Nocturnes remonta a 1892, ou seja, à mesma época em que Debussy escreveu seu conhecido Prélude à L'après d'un faune. O músico pretendia inicialmente compor uma obra com o título de Três Cenas ao Crepúsculo, projeto este que se transformou mais tarde em Três Noturnos para violino e orquestra, em homenagem ao célebre violinista belga Eugène Ysaye. Uma exaltada discussão entre compositor e o seu intérprete levou ao rompimento da relação de amizade entre ambos, e aquela versão lamentavelmente desapareceu. Entre 1897 e 1899, Debussy retrabalhou a obra para orquestra e os primeiros dois Noturnos foram estreados em 1909, durante a temporada dos Concerts Lamoureaux, obtendo ótima aceitação. A versão integral foi apresentada um ano mais tarde, incluindo portanto o último movimento, Sereias, que exige a participação de vozes femininas, que cantam sem articular palavras, numa atraente vocalise, que evoca o chamado das sereias. A partitura de Nocturnes firmou de modo definitivo a reputação de Debussy, impondo o nome do músico francês como um dos mais refinados e originais compositores de seu tempo (Amaral Vieira - Academia Brasileira de Música). Aparecem ainda neste extraordinário registro, as peças Premiere Rhapsodie e Jeux (Poeme danse). Só me resta afirmar: boa apreciação!

Claude Debussy (1862-1918) - Nocturnes, Première Rhapsodie, Jeux e La Mer

Nocturnes
01 I. Nuages[06:15]
02 II. Fetes [06:31]
03 III. Sirenes [09:47]
The Cleveland Orchestra Chorus

Première Rhapsodie*
04. Première Rhapsodie [08:42]

Jeux
05. Jeux [16:06]

La Mer
06 I. De l'aube a midi sur la mer [08:47]
07 II. Jeux de vagues [07:08]
08 III. Dialogue du vent et de la mer [07:40]

The Cleveland Orchestra
*Franklin Cohen, clarinet
Pierre Boulez, regente


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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 - Final

Vamos à última postagem das sinfonias do meu compositor favorito, como já externei aqui algumas vezes. Beethoven possui aqueles aspectos idealistas almejados por uma alma romântica. Deve ser esse o fundamento, a inclinação que sempre me lança a admirar o seu gênio. Não sei ao certo, mas devo ter pra mais de 20 versões da Nona Sinfonia. Só de pensar que tudo isso começou em 2003. Comprei naquele ano uma versão da Nona que ainda guardo comigo. É uma gravação com János Ferencsik à frente da Hungarian State Orchestra. Uma gravação que não devemos dizer que é extraordinária. Cumpre o seu papel. Apresenta um Beethoven modesto, recatado. A gravação cumpriu o seu papel por me inserir no mundo imortal da Nona Sinfonia. Ouvi afetuosa e sofregamente. Às vezes, ainda escuto o CD apenas para me lembrar daquele tempo. Era um jovenzinho apaixonado pelos mundos étereos da beleza. Hoje à tarde ouvi a gravação feita com o Toscanini - esta que ora posto - e muito me impressionei. Não é à toa que o italiano é um dos maiores regentes do século XX. Ele reúne os elementos necessários para tornar a gravação imortal; para tornar Beethoven crescido, grande, volumoso. Por isso, nesta noite de sexta, prenúncio do último final de semana de novembro, não se escuse de ouvir este brilhante trabalho. João Gilberto diz numa música: "Quem não gosta de samba/ bom sujeito não é". E eu advirto: "Quem não gostar dessa gravação bom sujeito não deve ser". Boa apreciação!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125

1. Allegro ma non troppo, un poco maestoso [13:30]
2. Molto Vivace [13:09]
3. Adagio Molto e Cantabile; Andante moderato [14:21]
4. Finale: Presto assai [23:24]

NBC Symphony Orchestra
Arturo Toscanini
Robert Shaw Chorale
Eileen Farrel
Nan Merrinan
Jan Peerce
Norman Scott


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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Johann Sebastian Bach (1865-1750) - Concertos de Brandenburgo (completo) e Suítes Orquestrais 1, 2, 3, 4 - BWV 1066, 1067, 1068 e 1069

A minha solidariedade está extrema nesta noite de quinta-feira. Devem ser as afetações do achaque por que passo. Quando descobrimos nossas limitacões e vemos o quanto somos limitados, tornamo-nos mais humanos. Desde o início da semana que tencionava compartilhar estes Concertos de Brandenburgo, uma das páginas mais lindas da História do gênio humano. Somente Bach para fazer algo assim. "Os Concertos de Brandeburgo ou Concertos de Brandenburgo (mais raramente Brandemburgo) (BWV 1046-1051, título original: Six Concerts avec plusieurs instruments, em alemão: Brandenburgische Konzerte) são uma coleção de seis peças musicais composta por Johann Sebastian Bach entre 1718 - 1721, dedicados e apresentados ao margrave de Brandenburg-Schwedt, Christian Ludwig em 1721. São amplamente considerados como expoentes do barroco na música, além de estar entre os clássicos mais populares. Estes trabalhos foram esquecidos na biblioteca do margrave até sua morte em 1734 quando foram vendidos por poucos centavos. Os concertos foram descobertos em arquivos de Brandemburgo no século XIX sendo publicados em 1850" (wikipédia). Boa apreciação!

Johann Sebastian Bach (1865-1750) - Concertos de Brandenburgo (completo) e Suítes Orquestrais 1, 2, 3, 4 - BWV 1066, 1067, 1068 e 1069

CD 01

Brandenburg concerto No. 1 in F major, BWV 1046
01. 1 (Without tempo indication)
02. 2 Adagio
03. 3. Allegro
04. 4. Menuetto - Trio I - Polacca - Trio II

Brandenburg concerto No. 2 in F major, BWV 1047
05. 1. (Without tempo indication)
06. 2. Andante
07. 3. Allegro assai

Brandenburg concerto No. 3 in G major, BWV 1048
08. 1. (Without tempo indication)
09. 2. Adagio
10. 3. Allegro

Brandenburg concerto No. 4 in G major, BWV 1049
11. 1. Allegro
12. 2. Allegro
13. 3. Andante
14. 4. Presto

CD 02

Brandenburg concerto No. 5 in D major, BWV 1050
01. 1. Allegro
02. 2. Affetuoso
03. 3. Allegro

Brandenburg concerto No. 6 in B flat major, BWV 1051
04. 1. (Without tempo indication)
05. 2. Adagio ma non tanto
06. 3. Allegro

Orchestra Suite No. 1 in C major, BWV 1066
07. 1. Ouverture
08. 2. Courante
09. 3. Gavotte I-II
10. 4. Forlane
11. 5. Menuet I-II
12. 6. Bourrée I-II
13. 7. Passepied I-II

CD 03

Orchestra Suite No. 2 in B minor, BWV 1067
01. 1. Ouverture
02. 2. Rondeau
03. 3. Sarabande
04. 4. Bourrée I-II
05. 5. Polonaise
06. 6. Menuet
07. 7. Badinerie
08. 8. Ouverture

Orchestra Suite No. 3 in D major, BWV 1068
09. 1. Ouverture
10. 2. Air
11. 3. Bourrée
12. 4. Gigue

Orchestra Suite No. 4 in D major, BWV 1069
13. 1. Ouverture
14. 2. Bourrée I-II
15. 3. Gavotte
16. 5. Menuet I-II
17. 6. Réjouissance

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The English Concert
Trevor Pinnock, regente

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Robert Schumann (1810-1856) - Fantasia em Dó, Op. 17, Arabesco, Op. 18, Humoresco, Op. 20 e Novelette 9 from Bunte Blatter, Op. 99 - Piano Woks - CD 3

Estou desarticulado e em covalescença. Terrível. Uma nesga de desapontamento incomodante a me premir. Pensamentos que voam desarticulados. A manhã lá fora está indecisa. Orbito em torno de planetas silenciosos. A música vaga, que voa e se dissipa em sua volatilidade. O piano é de Schumann com o Kempff. É preciso continuar. A vida é tão ondulante quanto essa música. Resta apenas a apreciação! Não deixe de fazê-lo. Saudações musicais!

Robert Schumann (1810-1856) - Fantasia em Dó, Op. 17, Arabesco, Op. 18, Humoresco, Op. 20 e Novelette 9 from Bunte Blatter, Op. 99

Fantasia em Dó, Op. 17
01. 1 Durchaus Phantastisch Und Leidenschaftlich Vorzutragen Im Legendenton
02. 2 Mabig Durchaus Energisch Etwas Langsamer Viel Bewegter
03. 3 Langsam Getragen Durchweg Leise Zu Halten Etwas Bewegter

Arabesco, Op. 18
04. Leicht Und Zart Minore 1 Etwas Langsamer Minore 2 Etwas Langsamer Zum Schlub

Humoresco, Op. 20
05. 1 Einfach Sehr Rasch Und Leicht Noch Rascher Erstes Tempo Wie Im Anfang
06. 2 Hastig Nach Und Nach Immer Lebhafter Und Starker Wie Vorher Adagio
07. 3 Einfach Und Zart Intermezzo Vie Vorher Innig
08. 4 Sehr Lebhaft Mit Einigem Pomp Zum Beschlub Allegro

Novelette 9 from Bunte Blatter, Op. 99
09. Lebhaft

Wilhelm Kempff, piano

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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 4 em G

Após ouvir no dia de hoje a Quarta Sinfonia de Mahler, não restou motivos para não postá-la. É música que mesmo quando o mundo acabar, permanecerá viva. O texto que se segue é sempre DAQUI. "Muitos biógrafos e musicólogos ainda incluem nesta fase a sua Quarta Sinfonia, por ela ainda manter inspiração nos textos do Knaben Wunderhorn, e por seu último movimento ter sido pensado originalmente para o final da Terceira. Mas são universos já bastante distintos, apesar das semelhanças físicas, pois, ao contrário das anteriores, sua Quarta Sinfonia é uma das mais simples e objetivas. Talvez já tendo esgotado os recursos grandiloqüentes da Segunda e Terceira, Mahler procurou nesta a extrema simplicidade, pureza de timbres e de temas, síntese de idéias e evitando os efeitos de massa instrumental das sinfonias precedentes. Com isso conseguiu apurar ainda mais sua técnica de composição, mas ainda aproveitou a voz humana no último movimento, com um texto do Wunderhorn sobre as impressões de uma criança no Paraíso. Um final extremamente simples, mas também muito significativo na obra de Mahler, que prima pelo discurso claro, de transparência cristalina, mas cuja riqueza de idéias e de temas nada fica a dever às Sinfonias anteriores". Boa apreciação!

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 4 em G

1. Bedächtig. Nicht eilen - Recht gemächlich [15:46]
2. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast [09:04]
3. Ruhevoll (Poco adagio) [18:47]
4. Sehr behaglich: "Wir genießen die himmlischen Freuden" [08:01]

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Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Rafael Kubelik, regente
Rudolf Koekert
Elsie Morison

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sir Edward Elgar (1857-1934) - Variações sobre um tema original para orquestra, Op. 36 "Enigma" e Pompa e Circunstância, Op. 39

Tenho uma admiração particular pela música inglesa. Compositores como Vaugham Williams, Britten ou Elgar possuem uma singularidade que me atrai para os seus respectivos mundos. Williams e Elgar trazem em suas peças certa relação com a natureza, com o mistério dos ares bretões, que são verdadeiras portas dimensionais. Diga-se de passagem, quando escuto a música deles sou transportado, arrebatado para esses mundos de solidão e beleza silenciosa. Resolvir postar estas duas peças de Elgar porque gosto muito delas. As Variações Enigma e Pompa e Circunstância tornaram o seu compositor célebre. Elga foi no início do século XX ,na Europa e nos Estados Unidos, uma das figuras mais celebradas e cotejadas do mundo da música. As Variações Enigma foram compostas em 1899, na virada do século. São uma série de quatorze variações musicais compostas por Edward Elgar em 1899. É uma das obras mais conhecidas de Elgar, tanto pela música em si, como pelo enigma que se esconde nela. Elgar dedicou a obra aos "meus amigos retratados nela" ; cada variação mostra um retrato emotivo de algumas de suas relações sociais mais próximas. Já Pompa e Circunstância possui elementos de solenidade. Quem assistiu ao filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick deve está lembrado de um seus fragmentos. Segundo informações, Pompa e Circunstância foram compostas inspiradas no terceito ato de Otelo de Shaskepeare. Aprecie este "enigmático" registro (risos). Saudações musicais a todos!

Sir Edward Elgar (1857-1934) - Variações sobre um tema original para orquestra, Op. 36 "Enigma" e Pompa e Circunstância, Op. 39

Variações sobre um tema original para orquestra, Op. 36 "Enigma"
01. Theme (Andante)
02. 1. C.A.E. (L'istesso tempo)
03. 2. H.D.S.-P. (Allegro)
04. 3. R.B.T. (Allegretto)
05. 4. W.M.B. (Allegro di molto)
06. 5. R.P.A. (Moderato)
07. 6. Ysobel (Andantino)
08. 7. Troyte (Presto)
09. 8. W.N. (Allegretto)
10. 9. Nimrod (Adagio)
11. 10. Intermezzo Dorabella (Allegretto)
12. 11. G.R.S. (Allegro di molto)
13. 12. B.G.N. (Andante)
14. 13. Romanza (Moderato)
15. 14. Finale E.D.U. (Allegro - Presto)

Pompa e Circunstância, Op. 39
16. No 1 in D major
17. No 2 in A minor
18. No 3 in C minor
19. No 4 in G major
20. No 5 in C major

Royal Philharmonic Orchestra
André Previn, regente

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sábado, 21 de novembro de 2009

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Piano quarteto em C minor, K. 478 e Piano quarteto em E flat major, K. 493

Tive um dia de muita leitura. Que bom! Talvez deve ser por isso que estou com certa preguiça mental. Mas deixemos este fato e nos prendamos na obra ora postada. Trata-se nada mais nada menos do que o grande Mozart. Tinha por intenção em postar outra coisa. Após ouvir, todavia, estes quartetos para piano docemente suaves, mudei de opinião. Acredito que se Mozart tivesse composto uma sinfonia com latas, teria ficado maravilhoso; seria música absoluta, eterna. Tudo em que ele colocou as mãos e o intelecto ficou belo. É a alquimia do gênio. Seguem assim, duas peças agradáveis - K. 478 e K. 493. Confesso que, particularmente, gostei do piano quarteto K. 493. Não deixe de ouvir este CD maravilhoso. Ótimo para ser apreciado numa noite sábatica. Boa apreciação!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Piano quarteto em C minor, K. 478 e Piano quarteto em E flat major, K. 493

Piano quarteto em C minor, K. 478
1. Allegro [11:13]
2. Andante [07:31]
3. Rondo-Allegro moderato [08:05]

Piano quarteto em E flat major, K. 493
4. Allegro [15:02]
5. Larghetto [10:25]
6. Allegretto [08:53]

Malcolm Bilson, pianoforte
Elizabeth Wilcock, violino
Jan Schlapp, viola
Timothy Mason, violoncelo

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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 5 em Dó Sostenido Menor

Sua Quinta Sinfonia [de Mahler] é a mais conhecida e também a mais importante, obra divisora de águas, em que Mahler busca uma fusão de suas convicções pessoais com sua poderosa intuição estética, na tentativa de transformar suas idéias em música pura. Dividida em três partes, ela organiza de uma maneira bastante convicta o que antes aparecia de maneira implícita, ou seja, a narrativa musical saindo do trágico e caminhando para o triunfo. A primeira parte abre com uma marcha fúnebre, seguida de um movimento tempestuoso e enérgico (não sem a indicação da esperança, num tema que depois será retomado com alegria abundante no final), caracterizando o conflito e definindo suas metas. A segunda parte engloba um único movimento, o Scherzo, mais descontraído e musicalmente muito bem arquitetado, como se fortalecendo as bases para a terceira e última parte. Esta inicia com o famoso adagietto, talvez a mais conhecida passagem de Mahler, um movimento escrito apenas para cordas, lento e de beleza incomparável em sua obra. Um grande hino de amor e esperança. O final mescla temas dos movimentos anteriores, mas sempre direcionando-os para a resolução dos conflitos, com passagens simples, quase infantis, concluindo com uma grande explosão de alegria. A Quinta é, para muitos, sua mais característica obra, onde suas idéias musicais e convicções pessoais estão dispostas de maneira mais equilibrada e segura (apesar do próprio Mahler ter revisto várias vezes a partitura e se espantava em verificar erros de orquestração cada vez que fazia uma nova revisão).

Texto extraído DAQUI.

Gustav Mahler (1860-1911) - Sinfonia No. 5 em Dó Sostenido Menor

01 - I. Trauermarsch. In gemessenem Schritt. Streng. Wie ein Kondukt
02 - II. Stuermisch bewegt. Mit groesster Vehemenz
03 - III. Scherzo. Kraeftig, nicht zu schnell
04 - IV. Adagietto. Sehr langsam
05 - V. Rondo-Finale. Allegro - Allegro giocoso. Frisch

Symphonie-Orchester des Bayerischen Rundfunks/Bavarian Radio Symphony Orchestra
Rafael Kubelik, regente

Live Redording: Herkules-Saal in der Residenz, München

Date: 12.5.1981

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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - Obras completas para violão

Villa gostava, por meio de sua espontaneidade, de criar cenas ilárias. Era dono de frases soltas, impensadas, detentoras de sentidos absurdademente risíveis. Geralmente, inquietava os refinados e fazia rir os de alma livre. Há uma cena engraçada no filme Villa-Lobos - uma vida de paixão, do diretor Zelito Viana. Já deixei aqui no blogger os meus sentimentos sobre o filme - talvez eu tenha que assisti-lo mais uma vez. Mas sigamos: Villa está em Paris. É o anfitrião em um jantar. Arthur Rubinstein o apresenta para a cena parisiense. Os franceses estão em busca de novidades. É o espírito da época. As vanguardas estão vivas - o impressionismo, o cubismo, o dadaísmo, o futurismo. A Europa fervilha. Debussy e Ravel dominam em toda parte. Nisso, Villa quis apresentar o Brasil à França. Convida os seus colegas franceses para uma celebração. São indíviduos cultos, intelectuais ilustres, emancipados. É um jantar especial. O compositor mandou preparar uma feijoada. Villa diz para os presentes: "Senhoras e senhores, apresento-lhes um retrato de minha terra, a feijoada". Os franceses requintados, ao olharem o conteúdo da panela, assustam-se. Era um caldo preto cheio de língua, pé e orelha de porco. Uma visão agressiva. Aquilo borbulhava. Os convidados torceram o nariz. Até que um mais ousado proferiu: "Isso é merda... parece merda!". Aquela verbalização irritou o Villa, que retrucou com energia, já partindo para cima do francês: "Merda é você, seu veado". Acabou ali o jantar. O requinte francês se esvaiu. Esse espontaneísmo era típico do Villa. Outro fato é quando perguntam para ele: "O senhor foi um menino prodígio?" E ele responde com objetividade: "Não! Eu sou um velho prodígio". Ou ainda: "O senhor atualmente está compondo alguma coisa?" Eles responde assim: "Atualmente eu só decomponho!" Formidável. O segundo CD que escolhi é esse com a obra completa para violão. Villa dominava como ninguém esse instrumento e compôs peças de uma beleza ímpar. Não deixe de ouvir esse registro imperdível com o grande Villa, dono de uma personalidade que primava pelo o objetivo e pelo espontâneo. Boa apreciação!

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - Obras completas para violão

Suíte Popular Brasileira
1. Mazurka-Choro
2. Schottish-Choro
3. Valsa-Choro
4. Gavota-Choro
5. Chorinho

Choros No. 1
6. Choros No. 1

Cinco Prelúdios
7. No. 1 In E Minor
8. No. 2 In E Major
9. No. 3 In A Minor
10. No. 4 In E Minor
11. No. 5 In D Major

Doze Estudos
12. No. 1: Anime
13. No. 2: Tres Anime
14. No. 3: Un Peu Anime
15. No. 4: Un Peu Modere
16. No. 5: Andantino
17. No. 6: Un Peu Anime
18. No. 7: Tres Anime - Modere
19. No. 8: Modere
20. No. 9: Un Peu Anime
21. No. 10: Anime - Lent - Modere - Anime - Tres Anime
22. No. 11: Lent - Anime
23. No. 12: Un Peu Anime

Fabio Zanon, violão

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Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - Obras completas para violoncelo e piano

No ano de 2010, ou seja, no próximo ano, teremos o bicentenário do nascimento de dois grandes compositores, Schumann e Chopin. Coincidentemente, dois grandes nomes da história do piano. Os deuses da música gostam de ironia. Pois em 1813, também nasceram dois grandes nomes da ópera, Wagner e Verdi. A grande questão é que este ano de 2009 está cheio de comemorações festivas no que diz respeito ao nascimento ou à morte de três grandes compositores: em fevereiro tivemos o bicentenário do nascimento de Félix Mendelssohn; em maior, o bicentenário da morte de Franz Joseph Haydn; e, ontem, 17 de novembro, completaram-se 50 anos da morte de Heitor Villa-Lobos. Esse é um fato deveras importante. Diz respeito à identidade da cultura brasileira. Acredito que Villa tenha sido uma das pessoas que mais amaram o seu país e soube transferir essa característica para a sua produção artística. Apesar de estar em atraso de um dia, resolvir fazer uma pequena homenagem, escolhendo dois CDS que atestam um pouco do gênio e da qualidade do grande Villa. O Brasil precisa descobrir Villa para que possa descobrir o Brasil. A sua música é a fusão dos elementos culturais que fazem parte da psicologia da alma nacional. Ele fundiu o folclore, os elementos indígenas, o cheiro da natureza - o cerrado, a floresta amazônica, a caatinga agreste do Nordeste, os campos, as serras do Planalto Central - e os colocou em sua música. Quando ouvimos a música do Villa, conseguimos ouvir também o rumor dos rios caudalosos, do canto dos pássaros (do uirapuru a quem ele tanto amava) misteriosos, dos rituais africanos ou indígenas, do calor do pôr-do-sol após uma tarde quente. Villa extrapolou a proposta modernista da Semana de Arte de 1922. Ele conseguiu por meio de um processo alquímico, descobrir o substrato que extraiu o sumo da alma do Brasil. Neste CD, temos maviosidades, beleza nostálgica, quase parada. Reconstitui aquelas cenas esquecidas, mas que voltam à superfície dos pensamentos quando nos quedamos inertes. O violoncelo plangente de Antonio Meneses e o piano errante de Cristina Ortiz recriam paisagens perdidas, pretéritas. Não deixe de ouvir este registro belíssimo do Villa imortal. Boa apreciação!

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - Obras completas para violoncelo e piano

O canto do cisne negro
1. O canto do cisne negro

Sonata n.º 2
2. I. Allegro molto
3. II. Andante cantabile
4. III. Scherzo Allegro
5. IV. Vivace sostenuto

Berceuse
6. Berceuse

Prelúdio n.º 2
7. Prelúdio n.º 2

Sonhar
8. Sonhar

Pequena Suíte
9. I. Romancette
10. II. Legendária
11. III. Harmonias soltas
12. IV. Fugato (All'antica)
13. V. Melodia
14. VI. Gavotte Scherzo

Capricho
15. Capricho

Elegia
16. Elegia

Bachias Brasileiras n.º 2
17. I. Prelúdio (O Canto do Capadócio)
18. II. Ária ( O Canto de Nossa Terra)
19. III. Tocatta (O Trenzinho do Caipira)

Cristina Ortiz, piano
Antonio Meneses, violoncelo

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sinfonia No. 5 em C menor, Op. 67, Sinfonia No. 8 em F maior, Op. 93 e Abertura Leonora No. 3, Op. 72a

Seguimos com as postagens das 9 sinfonias de Beethoven. Como estou um pouco apressado, comparecendo aqui apenas para postar, transcreverei o texto da wikipédia sobre a Quinta Sinfonia, uma das peças mais conhecidas em todo o mundo: "A Sinfonia n.º 5 em Dó menor Op. 67 de Ludwig van Beethoven, escrita entre 1804 e 1808, é uma das composições mais populares e mais conhecidas em todo repertório da música clássica européia, assim como é também uma das sinfonias mais executadas hoje em dia. Trata-se da primeira sinfonia do autor composta em tonalidade menor, o que só voltaria a acontecer em 1824 com a Sinfonia n.º 9, em Ré menor op. 125. A Sinfonia n.º5 em Dó menor ainda hoje é considerada como um "monumento" da criação artística. Os quatro movimentos constituem a particularidade de uma homogeneidade orquestral, sendo que, ao mesmo tempo, um exemplo de alternância. O primeiro andamento, revelando grande tensão, tensão essa denunciada pelas cordas, eleva um dramatismo extremo. O segundo andamento revela solenidade; uma marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza. O terceiro andamento, uma crispação. O quarto andamento: magnificência". Aparece ainda a Sinfonia No. 8, composta no ano de 1812 e uma gravação ao vivo da Abertura Leonora No. 3. Trata-se de uma registro majestoso, ou seja, imperdível. Não deixe de ouvir e apreciar. Boa degustação!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sinfonia No. 5 em C menor, Op. 67, Sinfonia No. 8 em F maior, Op. 93 e Abertura Leonora No. 3, Op. 72a 

Sinfonia No. 5 em C menor, Op. 67 
1. Allegro con brio [7:11] 
2. Andante con moto [8:52] 
3. Allegro [4:37] 4. Allegro [8:25] 

Sinfonia No. 8 em F maior, Op. 93 
5. Allegro vivace e con brio [9:27] 
6. Allegretto scherzando [3:41] 
7. Tempo di menuetto [4:43] 
8. Allegro vivace [7:26] 

Abertura Leonora No. 3, Op. 72a 
9. Abertura Leonora No. 3, Op. 72a 

NBC Symphony Orchestra 
Arturo Toscanini, regente 


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Robert Schumann (1810-1856) - Estudos Sinfônicos, Op.13, Cenas Infantis, Op. 15 e Kreisleriana, Op. 16 - Piano Works - CD2

Schumann encarnou como ninguém o espírito do Romantismo. A respiração que emanava do compositor possuía eflúvios de seu mundo interior atribulado. Dizem que antes de se tornar compositor Schumann teria se entregado à literatura. Ou seja, o compositor possuía intuições musico-literárias de primeira grandeza. Era poeta. Mas uma vez que tenha se dedicado à música, levou para esta arte, aquilo que já conquistara na literatura. Reuniu os dois mundo - música e literatura - e construiu uma obra sui generis e imortal. Ouvir Schumann é uma experiência ímpar. Como todo gênio parece carregar consigo um "espinho na carne", em termos paulinos, assim como se dera com Beethoven, Schumann foi vitimado por uma enfermidade degenerativa que lhe dificultou o movimento dos dedos. Além do que, Schumann desenvolveu distúrbios psicóticos e surtos de depressão. Em suma: aí temos um grande romântico. O fato é que enquanto pôde, o compositor se entregou à composição. Dono de um veio essencialmente clássico, Robert construiu uma das obras mais belas da história da música. Aqui temos três grande obras, inegavelmente, com Kempff que dispensa maiores apresentações - Estudos Sinfônicos, Op. 13, Cenas Infantis, Op. 15, que já apareceu por aqui e a extraordinária Kreisleriana, Op. 16. Boa apreciação!

Robert Schumann (1810-1856) - Estudos Sinfônicos, Op.13, Cenas Infantis, Op. 15 e Kreisleriana, Op. 16.

Estudos Sinfônicos, Op. 13

01. Thema. Andante
02. Etude I. Un poco pi vivo
03. Etde II
04. Etde III. Vivace
05. Etdu IV
06. Etde V. Vivacissimo
07. Etde VI. Agitato
08. Etde VII. Allegro molto
09. Etde VIII. Andante
10. Etde IX. Presto possibile
11. Etde X. Allegro
12. Etde XI. Con espressione
13. Etde XII Finale. Allegro brillante

Cenas Infantis, Op. 15 - Kinderszenen

14. 1. Von fremden Lndern und Menschen
15. 2. Kuriose Geschichte
16. 3. Hasche-Mann
17. 4. Bittendes Kind
18. 5. Glckes genug
19. 6. Wichtige Begebenheit
20. 7. Trumerei
21. 8. Am Kamin
22. 9. Ritter vom Steckenpferd
23. 10. Fast zu ernst
24. 11. Frchtenmachen
25. 12. Kind im Einschlummern
26. 13. Der Dichter spricht

Kreisleriana Op.16

27. 1. uerst bewegt
28. 2. Sehr innig und nicht zu rasch - Intermezzo I. Sehr lebhaft - Intermezzo II. Etwas bewegter - Langsamer
29. 3. Sehr aufgeregt
30. 4. Sehr langsam
31. 5. Sehr lebhaft
32. 6. Sehr langsam
33. 7. Sehr rasch
34. 8. Schnell und spielend

Wilhelm Kempff, piano

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) - Sinfonia No. 5 in D minor, op. 47

Tenho tido problemas inimagináveis com a minha conexão, o que tem dificultado a postagem de qualquer material. Por essas dias, por mais que a banda seja boa, a porcaria da velocidade está baixíssima. A GVT tem me acanalhado. É por causa disso que o blogger está meio parado. Enviar (fazer upload) é uma demora aborrecente. Hoje à noite, apesar da instabilidade, resolvir enfrentar a bulha das tecnologias atordoadoras. As mais de 100 peças estão à espera para serem postadas. Escolhi dessa vez Shostakovich e sua poderosa e arrebatadora Sinfonia No. 5 in D menor, Op. 47. É com certeza a porta entrada, a porta-convite, para o mundo desse russo a quem muito estimo. É um trabalho a que Shosta foi obrigado a enfrentar a censura do Estado soviético na pessoa do camarada Stálin. Mas que bom que ele levou à frente as suas intuições artísticas. Somente assim temos um trabalho dessa magnitude. À frente da Filarmônica de Oslo, temos Janson em ótima condição. Boa apreciação!

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - Sinfonia No. 5 in D minor, op. 47

01. I. Moderato
02. II. Allegretto
03. III. Largo
04. IV. Allegro non troppo

Oslo Philharmonic Orchestra
Mariss Jansons, regente

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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) - Concertos para violão (guitar)

Eis que o "padre vermelho" aparece mais uma vez aqui em O SER DA MÚSICA. E agora surge com os seus concertos para violão e orquestra. Uma delícia de som. Vivaldi era um compositor inebriado com a música. Compôs de forma prolífica. Em outras palavras: aos borbotões. Escreveu aproximadamente 770 obras, entre os quais 477 foram concertos; e cerca de 46 óperas. Um fenônemo. A música do padre Vivaldi é inovadora, quebrando com tradição consolidada em esquemas; deu brilho à estrutura formal e rítmica do concerto, repetidamente procurando contrastes hamônicos, inventando melodias e trechos originais - como afirma a wikipédia. Sua música está revestida por uma alegria típica. O padre era tão bom que nem mesmo Bach deixou de reverenciar suas habilidades e gênio. Transcreveu muitas de suas peças para cravo, outras para orquestra. O fato é que o CD de Vivaldi que estou a postar é excelente e merece ser ouvido. Boa apreciação!

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) - Concertos para violão (guitar)

Concerto in D major for 4 guitars
1. Allegro
2. Largo
3. Allegro

Concerto in G major for guitar, violin, viola & cello
4. Allegro non molto
5. Larghetto
6. Allegro

Concerto in B minor for 4 guitars and orchestra
7. Allegro
8. Lrgo
9. Larghetto
10. Allegro

Concerto in G major for 2 guitars and orchestra
11. Allegro
12. Andante
13. Allegro

Concerto in C major for guitar and orchestra
14. Allegro
15. Largo
16. Allegro

Concerto in A minor for guitar and orchestra
17. Allegro
18. Largo
19. Presto

Los Romeros, guitars
Ángel Romero, 1-3, 7-10, 17-19
Caledonio Romero, 1-10, 16-16
Celin & Pepe Romero, 1-3, 7-10

John Corigliano, violino, 4-6
Domenick Saltarelli, viola, 4-6
Margaret Bella, violoncelo, 4-6

San Antonio Symphony Orchestra
Victor Alessandro 7-16

Academy of St Martin-in-the-Fields
Iona Brown, 17-19

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Franz Schubert (1797-1828) - Quarteto de Cordas No. 14 em D menor, D. 810 (A morte e a donzela) e Quarteto de Cordas em A menor, D. 804 (Rosamunde)

Desde sábado tenho ouvido com certa recorrência os dois quartetos de cordas deste CD - o número 14 e o número 13, D 810 e 804, respectivamente. Acredito sinceramente que sejam dois dos mais excelentes quartetos que já foram escritos na história da música. Do mesmo Schubert, acredito que se deva inserir nessa mesma classificação o quinteto A Truta. A morte e a donzela, como é conhecido o quarteto em ré menor, é de uma bela áspera e nostálgica. É repleto pelo espírito beethoviano. No último sábado, ao ouvir a música desse registro, acalmei-me, fiquei cheio de uma sensação repleta de um misto de paz e silêncio. O outro quarteto é o Rosamunde, que Schubert tentou transformar em ópera, uma tentativa infausta. Schubert de fato não nasceu para a ópera. Talvez se não tivesse movido de forma tão precoce, tivesse tempo para compor uma ópera, como fizeram Beethoven ou Mozart. A questão é que se trata de um CD imperdível. Acredito com toda sinceridade, que você que visita o blogger deve baixar esse post e ouvi-lo agora, imediatamente (risos). Boa apreciação!

Franz Schubert (1797-1828) - Quarteto de Cordas No. 14 em D menor, D. 810 (A morte e a donzela) e Quarteto de Cordas em A menor, D. 804 (Rosamunde)

Quarteto de Cordas No. 14 em D menor, D. 810 (A morte e a donzela)
1. Allegro [11:30]
2. Andante con moto [14:24]
3. Scherzo (Allegro molto) & Trio [3:37]
4. Presto [8:57]

Quarteto de Cordas em A menor, D. 804 (Rosamunde)
5. Allegro ma non troppo [12:21]
6. Andante [6:37]
7. Menuetto (Allegretto) & Trio [7:28]
8. Allegro moderato [7:06]

Alban Berg Quartett
Günter Pichler, primeiro violino
Gerhard Schulz, segundo violino
Thomas Kakuska, viola
Valentin Erben, violoncello

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sábado, 7 de novembro de 2009

Gustav Mahler (1860-1911) - A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)

Como sou terrivelmente apaixonado pela Canção da Terra, decidir postá-la. É um sábado típico - estou abraçado pela solidão. A chuva tamborila no telhado. Os homens lá foram se embriagam com trivialidades. São como aqueles indivíduos do Mito da Caverna, do Livro 7 de A República de Platão. Estão acostumados com as "sombras" se que mostram a eles. E julgam ser isso a realidade toda. Ao ouvir A Canção da Terra eu compreendo que o mundo é complexo e fatídico. Como estou "enfastiado" para a escrita, tomei emprestado um excelente texto redigido por Isabel Assis Pacheco. Encontra-se AQUI. É possível encontrar ainda a tradução do poema chinês de Li-Tai-Po, o texto-motivo para A Canção da Terra.

Com uma produção quase exclusivamente constituída por sinfonias e ciclos de canções, Mahler descobre o seu horizonte criativo. O compositor opera nestes dois domínios musicais uma síntese genial e grandiosa: por um lado confere ao Lied uma dimensão sinfónica e, por outro lado, insere o Lied em várias das suas sinfonias. A fusão destas duas formas musicais atinge a culminância em obras como a 8ª Sinfonia e a sua derradeira obra Das Lied von der Erde (“A Canção da Terra”), classificada como “sinfonia com voz”.
No final de 1907, três duros golpes do destino marcaram profundamente Mahler: a morte da sua filha mais velha, a demissão de director da Ópera de Viena e o diagnóstico de uma grave doença cardíaca. Por essa altura, o seu amigo Theodor Pollak ofereceu-lhe uma colectânea de 83 poemas Die chinesische Flöte (“A Flauta Chinesa”) que Hans Bethge tinha adaptado das traduções inglesa, francesa e alemã dos originais chineses. Pollak expressara a ideia de que esses poemas poderiam ser musicados e Mahler identificou-se de imediato com o espírito dos poemas, concebendo a adaptação de alguns deles. A razão da escolha de seis poemas, de rara beleza, da autoria de Li–Tai–Po, Tchang–Tsi, Mong–Kao–Yen e Wang–Wei deveu-se aos temas apresentados. Poemas voltados para a terra, para a natureza e para a solidão do homem no seio desses elementos, foram a fonte criativa de um documento pessoal e profundamente comovente que abre o último período criador de Mahler — Das Lied von der Erde “uma sinfonia para tenor, contralto (ou barítono) e orquestra”. Bruno Walter classificou esta obra como “apaixonada, amarga e ao mesmo tempo, misericordiosa; o canto da separação e do desvanecimento”.
Obra onde se encontra a fusão perfeita do Lied e da sinfonia, A Canção da Terra está impregnada de tristeza e nostalgia indefiníveis, mas também da celebração da natureza. Mahler conseguiu evidenciar nesta obra todos os aspectos do seu génio.
Nela encontramos tanto a ambivalência de sentimentos, entre o êxtase, o prazer e a premonição da morte, que caracteriza o próprio compositor, como também todo o clima outonal do romantismo tardio. Terminada no Verão de 1908, a obra só viria a ser estreada seis meses após a morte do compositor, a 20 de Novembro de 1911, em Munique, sob a direcção Bruno Walter. Constituída por seis andamentos, a obra inicia-se com um Allegro pesante em Lá menor. Das Trinklied von Jammer der Erde (“Canção de Beber da Tristeza da Terra”), do poeta chinês Li–Tai–Po, advoga o vinho como o melhor remédio para os males humanos. Diante do absurdo da vida, a embriaguez é a única saída para a dor e para a revolta. Cada estrofe da canção termina com o terrível refrão: Dunkel ist das Leben, ist der Tod (“Sombria é a vida, é a morte”). Usando genialmente todos os recursos orquestrais a fim de aumentar a tensão, Mahler cobre toda a gama de emoções.
O segundo andamento indicado Etwas schleichend (um pouco arrastado) é na tonalidade de Ré menor. A imagem poética desta segunda canção, Der Einsame im Herbst, (“O Solitário no Outono”) cantada neste caso pelo barítono, é a tristeza do homem que chora sozinho com as suas recordações e para quem “o outono se prolonga demasiado no seu coração”. Mahler sublinha o verso Mein Herz ist müde (“O meu coração está cansado”). O andamento termina melancolicamente com uma coda orquestral de extraordinária beleza. De índole totalmente diversa é Von der Jugend (“Da Juventude”). Com poema de Li–Tai–Po, este Lied é tratado em forma de miniatura e descreve uma cena chinesa.
Deparamo-nos com um pequeno “pavilhão de porcelana verde”, uma “pequena ponte de jade” que se reflectem no espelho do lago. A frágil superfície encantada é traduzida por delicadas sonoridades que nos transmitem um efeito de fria emoção.
Um procedimento análogo caracteriza o quarto andamento: Von der Schönheit (“Da Beleza”). Indicado como comodo, dolcissimo, esta canção descreve, num estilo gracioso, jovens raparigas a colherem flores de lótus na margem de um rio.
Porém, o andamento anima-se cada vez mais quando em ritmo de marcha (o mais vivo e agitado de toda a obra) jovens cavaleiros montados em corcéis de fogo, perturbam a nostalgia da cena. No final do poema reencontramos a atmosfera inicial. Tratado como uma canção de embalar de grande beleza tímbrica, o poema termina sobre um murmúrio das flautas e violoncelos:

In dem Funkeln ihrer großen Augen,
In dem Dunkel ihres heißen Blicks
Schwingt klagend noch die Erregung Ihres Herzens nach.

“No brilho dos seus olhos,
no calor do seu olhar sombrio,
ainda traem a emoção dos seus corações.”

Esta atmosfera é quebrada pelo quinto andamento, Der Trunkene im Frühling (“O Bêbado na Primavera”). Em forma de scherzo em Lá Maior, é um novo hino aos prazeres da bebida. O despreocupado e jovial Allegro inicial muda poeticamente quando um pássaro (tema brilhante para o piccolo) desperta o ébrio e o informa que a primavera chegou durante a noite. O ébrio protesta e diz que não acredita ter nada a ver com a primavera ou o canto dos pássaros:

Und wenn ich mich mehr singen kann,
So schlaf’ ich wieder ein,
Was geht mich denn der Frühling an!?
Lasst mich betrunken sein!

“E se não posso mais cantar,
então durmo de novo,
que me importa a primavera?
Deixai-me com a minha embriaguez!”

O último Lied, de longe o mais importante, tanto pela duração como pela beleza, é Der Abschied (“A Despedida”) e resulta da conjugação de dois poemas com afinidades temáticas, de Mong–Kao–Yen e Wang–Wei e ainda de alguns versos do próprio compositor que funcionam, neste caso, como coda.
No primeiro, o poeta espera o seu amigo para com ele contemplar o esplendor do crepúsculo. Mahler inicia o andamento com um interlúdio orquestral em forma de marcha fúnebre, criando assim um ambiente fascinante, entoado em uníssono pelos violoncelos, contrabaixos, violas, harpas e contrafagote. Quando a voz entra, sustentada pelos violoncelos, o efeito é de uma alma perdida, impressão intensificada pela transferência do lamento do oboé para a flauta. O poema descreve o entardecer:

Die Sonne scheidet hinter dem Gebirge,
In alle Täler steig der Abend nieder
Mit seinen Schatten, die voll Kühlung sind...

“O sol desaparece por trás das montanhas.
O anoitecer e as suas sombras frescas
surgem nos vales...”

Um tremolo de dois clarinetes termina esta variação que se cinge aos três primeiros versos. A segunda variação constitui um momento muito comovente da obra. Numa melodia ascendente inesquecível, o barítono descreve a Lua “como um barco de prata sobre o mar azul do céu”. O Fá agudo na primeira sílaba de Silberbarke (barco de prata), é como que o culminar de um desejo que depois se recolhe sobre si próprio. A cantilena da voz prossegue, sublinhada pelos clarinetes e pela harpa que precedem o reaparecimento do gruppetto. As texturas orquestrais simplificam-se para criar um ritmo ondulante em quartas na harpa, secundada pelo bandolim quando o poema nos fala do canto do regato e da respiração da terra. A ideia de nostalgia e a beleza da terra é retomada num novo tema com o verso: Alle Sehnsucht will nun träumen (“Todo o desejo se transforma em sonho”). Trata-se da melodia da canção, Ich bin der Welt abhanden gekommen (“Afastei-me do Mundo”) utilizada por Mahler no famoso Adagietto da sua 5ª sinfonia.
O clímax central da primeira parte é a candente irrupção do êxtase. O tema do desejo reaparece depois do grito Lebewohl (“Adeus”). O tema de Ich bin der Welt subjacente, é agora tratado pentatonicamente ao começar o verso:

O Schönheit! O ewigen Liebens–, Lebens–trunk‘ne Welt!

“Ó beleza! Ó mundo ébrio de amor e vida eternos!”

Um longo interlúdio orquestral entre os dois poemas, construído a partir de motivos já ouvidos, torna-se o prenunciador de futuras catástrofes. Soberanamente orquestrado, o ritmo de marcha fúnebre prossegue, lúgubre e insistente, enquanto a voz descreve a chegada do amigo e a sua despedida:

Du, mein Freund,
mir war auf dieser Welt das Glück nicht hold!

“Meu amigo,
a felicidade não me foi propícia neste mundo!”

Neste verso, a música dolente, modula para o modo Maior. No momento em que o poeta refere que procura repouso para o seu solitário coração, Mahler cita Um Mitternacht (“À meia–noite”). O tema do “desejo” volta a ouvir-se nos versos:

Still ist mein Herz und harret seiner Stunde!

O meu coração está tranquilo e aguarda a sua hora!”

Começa assim a maravilhosa e insólita coda em dó Maior, com versos da autoria do próprio Mahler :

Die liebe Erde allüberall
blüht auf im Lenz und grünt aufs neu!
Allüberall und ewig Blauen licht die Fernen!

Ewig... ewig...
“Em toda a parte a amada terra
Floresce na primavera e torna a verdejar!
Por toda a parte e eternamente resplandece um azul luminoso!
Eternamente...eternamente...”

Quando a voz entoa as últimas palavras Ewig... ewig, a música parece dissolver-se imperceptivelmente num pianíssimo, sustentado pelas cordas e com arpejos da harpa e da celesta. A música dá lugar ao silêncio e a emoção é levada à sua plenitude.

Gustav Mahler (1860-1911) - A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)

01 - Das Trinklied vom Jammer der erde
Canção dos Bebedores Sobre a dor da Terra
02 - Der Einsame im Herbst
O Solitário no Outono
03 - Von der Jugend
A Juventude
04 - Von der Schonheit
A Beleza
05 - Der trunkene im Fruhling
O Bêbado na Primavera
06 - Der Abschied
O Adeus

Symphonie-Orchester des Bayerischen
Bavarian Radio Symphony Orchestra
Janet Baker, alto
Waldemar Kmentt, tenor
Rafael Kubelik, regente

Data: 27 de fevereiro de 1970 - München


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