quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Gustav Mahler (1860-1911) - Symphony No. 1 in D Major - "Titan"

Do encarte do disco:

"Os cintilantes harmônicos de cordas que abrem a Primeira Sinfonia de Gustav Mahler evocam a respiração suspensa da primavera e, já para o público de estreia, sinalizavam a chegada de uma nova era sinfônica. Logo nos primeiros compassos, o compositor apresenta elementos que se tornariam marcas de sua linguagem musical: os sons da natureza — como o canto do cuco — entrelaçam-se a fanfarras de caráter quase militar e a sinuosas passagens cromáticas nos violoncelos, como se ilustrassem a visão de Mahler da sinfonia como uma arte total e abrangente.

Originalmente batizada de Titan, a obra incorpora temas do ciclo de canções Lieder eines fahrenden Gesellen (Canções de um Companheiro Errante). Mahler também insere referências à música popular da Morávia — perceptíveis no segundo movimento — e, no célebre terceiro movimento, cita a cantiga infantil Bruder Martin (Frère Jacques) em um tom menor, criando um contraste entre ingenuidade e melancolia.

O finale transporta o ouvinte a um universo de teatralidade gótica, próximo à grandiosa ópera romântica, até culminar — após uma série de falsos começos — em um desfecho heróico e coral.

Nesta gravação, a Minnesota Orchestra, sob a regência de Osmo Vänskä, dá vida a esse microcosmo sinfônico". Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Gustav Mahler (1860-1911) - 

Symphony No. 1 in D Major
01. I. Langsam, schleppend. Immer sehr gemächlich
02. II. Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell
03. III. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
04. IV. Stürmisch bewegt - Energisch

Minnesota Orchestra
Osmo Vänskä, regente 

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quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Alan Hovhaness (1911-2000) - Violin Concerto No. 2, Op. 89a & Works for Violin & Piano

Alan Hovhaness foi um compositor americano de ascendência armênia e escocesa, notável por sua escolha eclética de material de tradições não europeias.

Hovhaness estudou composição com Frederic Converse no Conservatório da Nova Inglaterra de 1932 a 1934 e em 1942 no Berkshire Music Center em Tanglewood, Massachusetts, com Aaron Copland , Leonard Bernstein e Bohuslav Martinů . Ele lecionou no Conservatório de Boston (1948–51) e viajou e compôs extensivamente. Aos 30 anos, ele se interessou pela música armênia e, mais tarde, ampliou seu foco para incluir música do Oriente Médio e da Ásia. Em 1959, durante uma viagem à Índia e ao Japão, ele estudou com músicos locais e executou e regeu suas próprias obras. Em 1965, Hovhaness iniciou sua própria gravadora (Poseidon Records), que era destinada principalmente à gravação de suas próprias obras e que ele manteve por mais de 15 anos. Em 1966, ele se tornou compositor residente da Orquestra Sinfônica de Seattle.

As composições de Hovhaness baseavam-se em muitos recursos rítmicos, melódicos e instrumentais exóticos, como indicam seus títulos descritivos. Seu estilo é frequentemente modal e ritmicamente complexo, mas é liricamente expressivo e minimiza a harmonia. A Sinfonia nº 16 para cordas e percussão coreana (primeira execução em 1963) mostra o uso de grupos instrumentais incomuns, assim como seu Sexteto para violino, tímpanos, bateria, tam-tam, marimba e glockenspiel (1966).
 
Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Alan Hovhaness (1911-2000) - 

01. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: I. Pastoral
02. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: II. Aria
03. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: III. Allegro
04. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: IV. Aria
05. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: V. Presto
06. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: VI. Recitative and Lullaby
07. Violin Concerto No. 2, Op. 89a: VII. Hymn
08. Yeraz, Op. 56 No. 2
09. Khirgiz Suite, Op. 73 No. 1: I. Variations
10. Khirgiz Suite, Op. 73 No. 1: II. A Khirgiz Tala
11. Khirgiz Suite, Op. 73 No. 1: III. Allegro molto
12. Les baux, Op. 261
13. Violin Sonata, Op. 11: I. Allegro
14. Violin Sonata, Op. 11: II. Andante sostenuto
15. Violin Sonata, Op. 11: III. Allegro moderato
16. 3 Visions of Saint Mesrob, Op. 198: No. 1, Celestial Mountain
17. 3 Visions of Saint Mesrob, Op. 198: No. 2, Celestial Bird
18. 3 Visions of Saint Mesrob, Op. 198: No. 3, Celestial Alphabet
19. Varak, Op. 47a

Salzburg Chamber Soloists 

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terça-feira, 7 de outubro de 2025

Ignaz Pleyel (1757-1831) - String Quartets Nos. 4 - 6

Em meio à efervescência musical do final do século XVIII, o nome de Ignaz Pleyel ocupa um lugar de curiosa dualidade: ao mesmo tempo discípulo de Joseph Haydn e precursor de uma sensibilidade mais romântica, Pleyel foi um compositor extremamente popular em sua época — mais conhecido, talvez, por seu talento em equilibrar elegância formal e encanto melódico.

Escritos provavelmente entre o final da década de 1780 e o início dos anos 1790 — período em que o quarteto de cordas se consolidava como gênero central da música de câmara —, os três quartetos que parecem neste disco demonstram como Pleyel absorveu as lições de Haydn sem jamais se limitar a imitá-lo. Há neles uma busca por equilíbrio entre o diálogo instrumental e a singeleza melódica, um traço que o tornaria muito apreciado pelo público amador e pelos salões europeus.

O Quarteto n.º 4 destaca-se pela clareza estrutural e pelo humor discreto que percorre seus movimentos, com passagens em que o violino assume um papel solista sem perder a harmonia do conjunto. Já o n.º 5 revela um caráter mais introspectivo, explorando nuances dinâmicas e contrastes harmônicos que antecipam o gosto expressivo do início do século XIX. Por sua vez, o Quarteto n.º 6 sintetiza as qualidades mais típicas de Pleyel: graça, equilíbrio e uma fluidez natural que faz a música parecer quase espontânea. 

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Ignaz Pleyel (1757-1831) - 

01 - String Quartet in C major Allegro con spirito
02 - String Quartet in C major Adagio cantabile
03 - String Quartet in C major Rondo-Allegro
04 - String Quartet in A major Allegro non troppo
05 - String Quartet in A major Romance cantabile
06 - String Quartet in A major Rondo-Allegro
07 - String Quartet in Eb major Allegro
08 - String Quartet in Eb major Variazione. Tempo di Menuetto-Presto

Pleyel Quartett Köln 

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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Mieczyslaw Weinberg (1919-1996) - String Quartet No. 4, Op. 20 e String Quartet No. 16, Op. 130 - Vol. 1


 Um textinho encontrado aqui:

"A música de Mieczysław Weinberg (1919-1996) está entre alguns dos maiores tesouros escondidos do século XX. Nascido na Polônia, Weinberg emigrou para a Rússia em circunstâncias perigosas, onde viveria o resto de seus dias entre a fama merecida e o abandono injustificado. Frequentemente visto à sombra de seu amigo íntimo Dimitry Shostakovich, por quem era considerado um dos compositores mais destacados da época, Weinberg está sendo lentamente redescoberto como um gênio do século XX, uma figura de imensa importância no panorama da música clássica pós-moderna.

O idioma musical de Weinberg mistura estilisticamente formas tradicionais e contemporâneas, combinando uma linguagem individual e livremente tonal, inspirada em Shostakovich, com influências étnicas (judaicas, polonesas, moldavas) e um senso único de forma, harmonia e cor. Sua prolífica produção inclui nada menos que 17 quartetos de cordas, mais de 20 sinfonias de grande escala, inúmeras sonatas para instrumentos de cordas solo e piano, bem como óperas e trilhas sonoras de filmes. Com o fluxo constante de gravações, publicações de partituras e concertos na última década, muitas dessas preciosidades foram desenterradas para finalmente receber o reconhecimento e a atenção da crítica que merecem".

Não deixe ouvir. Uma boa apreciação!

Mieczyslaw Weinberg (1919-1996) - 

(01)_Quartet_for_Strings_no_4_Op_20_Allegro_Comodo
(02)_Moderato_assai
(03)_Largo_mariciale
(04)_Allegro_moderato
(05)_Quartet_for_Strings_no_16_Op_130_Allegro
(06)_Allegro_Andantino_Allegro
(07)_Lento
(08)_Moderato

Quatuor Danel 

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domingo, 5 de outubro de 2025

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Symphonies 13-16, 23-27, 29, 32

Mozart, ao longo de sua curta existência, escreveu mais de quarenta sinfonias. Ou seja, é uma proporção de mais de uma sinfonia por ano. O compositor viveu pouco mais de 35 anos de idade. Quando observamos outros compositores como Beethoven (9), Schubert (9), Mendelssohn (5), Brahms (4), Rachmaninov (3) ou Tchaikovsky (6), a produção mozartiana impressiona. Não chega a ser o que Haydn escreveu - mais de 100. Mas se deve levar em conta que Haydn viveu mais de duas vezes o que Mozart viveu. Acredito que se Mozart tivesse vivido os longevos 77 anos de Haydn, certamente teria rivalizado com seu patrício. 

É possível perceber uma trajetória de crescimento técnico, estilístico e expressivo por parte do Mozart. Algumas dessas obras foram escritas quando jovem era inspirado adolescente. Por exemplo, neste excelente disco, as sinfonias de 13 a 16, foram escritas quando o compositor estava entre 15 e 16 anos.  Já as sinfonias de 23 a 27 foram escritas em 1773 e é perceptível o salto qualitativo e o alcance expressivo da orquestra. As sinfonias são intensas, dramáticas, quase pré-românticas, antecipam a força emocional que mais tarde seria associada a compositores como Beethoven.

A Sinfonia No. 29 foi composta em 1774. Ela é habitualmente considerada como a primeira grande sinfonia do compositor. Nela, o compositor alcança uma clareza estrutural e uma riqueza temática que elevam a obra a um patamar novo. O diálogo entre cordas e sopros, a elegância das melodias e o equilíbrio formal revelam o domínio absoluto do jovem sobre o gênero.

A Sinfonia No. 32 foi escrita em 1779. Ela é compacta, vigorosa, com três movimentos que se sucedem sem interrupção. As obras desse disco são menos conhecidas que as três últimas escritas pelo compositor, mas são excelentes para conhecer as facetas do gênio austríaco. Não se chega ao topo em um único dia. Não se deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - 

DISCO 01

01 - Symphony No. 13 in F, K.112 - 1. Allegro
02 - Symphony No. 13 in F, K.112 - 2. Andante
03 - Symphony No. 13 in F, K.112 - 3. Menuetto
04 - Symphony No. 13 in F, K.112 - 4. Molto allegro
05 - Symphony No. 14 in A, K.114 - 1. Allegro moderato
06 - Symphony No. 14 in A, K.114 - 2. Andante
07 - Symphony No. 14 in A, K.114 - 3. Menuetto
08 - Symphony No. 14 in A, K.114 - 4. Allegro molto
09 - Symphony No. 15 in G, K.124 - 1. Allegro
10 - Symphony No. 15 in G, K.124 - 2. Andante
11 - Symphony No. 15 in G, K.124 - 3. Menuetto
12 - Symphony No. 15 in G, K.124 - 4. Presto
13 - Symphony No. 16 in C, K.128 - 1. Allegro maestoso
14 - Symphony No. 16 in C, K.128 - 2. Andante grazioso
15 - Symphony No. 16 in C, K.128 - 3. Allegro
16 - Symphony No. 23 In D, K.181 - Allegro spiritoso - Andantino grazioso - Presto assai
17 - Symphony No. 24 in B Flat, K.182 - 1. Allegro spiritoso
18 - Symphony No. 24 in B Flat, K.182 - 2. Andantino grazioso
19 - Symphony No. 24 in B Flat, K.182 - 3. Allegro

DISCO 02

01 - Symphony No. 25 in G Minor, K. 183 - 1. Allegro con brio
02 - Symphony No. 25 in G Minor, K. 183 - 2. Andante
03 - Symphony No. 25 in G Minor, K. 183 - 3. Menuetto
04 - Symphony No. 25 in G Minor, K. 183 - 4. Allegro
05 - Symphony No. 26 in E-Flat Major, K. 184
06 - Symphony No. 27 in G Major, K. 199 - 1. Allegro
07 - Symphony No. 27 in G Major, K. 199 - 2. Andantino grazioso
08 - Symphony No. 27 in G Major, K. 199 - 3. Presto
09 - Symphony No. 29 in A, K.201 - 1. Allegro moderato
10 - Symphony No. 29 in A, K.201 - 2. Andante
11 - Symphony No. 29 in A, K.201 - 3. Menuetto
12 - Symphony No. 29 in A, K.201 - 4. Allegro con spirito
13 - Symphony No. 32 in G, K.318 (Overture in G) - Allegro - Andante - Tempo I

Academy of St. Martin in the Filds
Sir Neville Marriner, regente 

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sábado, 4 de outubro de 2025

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Violin Concerto No. 4 in D Major, K. 218 e Sinfonia concertante in E-Flat Major, K. 364

Não canso de dizer - e parece um banal lugar-comum - que ouvir Mozart é experimentar o peso da eternidade na terra. Neste disco, encontramos duas obras monumentais. Elas estão dentro do conjunto de obras para cordas compostas entre 1775 e 1779. Nesse período, o compositor escreveu algumas de suas obras mais bonitos para o violino, por exemplo.

O Concerto No. 4 para violino e orquestra é do ano de 1775. Ele é um dos cinco concertos para o instrumento, escritos em rápida sucessão e que impressionam pela beleza. Entre eles, o quarto talvez seja o mais luminoso e equilibrado, com uma escrita que alterna entre a leveza galante e passagens de surpreendente profundidade. O Allegro inicial estabelece o tom com frescor juvenil, enquanto o Andante central mergulha em uma cantabilidade quase operística. Já o Rondó final combina elegância e humor, características que se tornariam marcas inconfundíveis do estilo mozartiano. 

Já a Sinfonia Concertante foi escrita em 1779. Nessa obra, o compositor une duas tradições: a do concerto, que dá protagonismo aos solistas, e a da sinfonia, que valoriza o papel coletivo da orquestra. Os protagonistas são o violino e a viola, que travam uma conversa intimista e ao mesmo tempo cheia de brilho, em equilíbrio perfeito com o conjunto orquestral. O segundo movimento, marcado por uma melancolia rara em Mozart, é considerado um dos momentos mais sublimes de sua produção.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - 

01. Violin Concerto No. 4 in D Major, K. 218 - I. Allegro
02. Violin Concerto No. 4 in D Major, K. 218 - II. Andante cantabile
03. Violin Concerto No. 4 in D Major, K. 218 - III. Rondeau. Andante grazioso - Allegro ma non troppo
04. Sinfonia concertante in E-Flat Major, K. 364 - I. Allegro maestoso
05. Sinfonia concertante in E-Flat Major, K. 364 - II. Andante
06. Sinfonia concertante in E-Flat Major, K. 364 - III. Presto

Capella Istropolitana
Stephen Gunzenhauser, regente
Takako Nishizaki, violino
Ladislav Kyselak, viola 

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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Jazz - Freddie Hubbard (1938-2008) - Here to Stay (1976)

Um disco fabuloso para a gente terminar bem a semana. Escutei esse disco semana passada. Ele aparece por aqui somente por agora. Gravado em dezembro de 1962, mas lançado apenas em 1976 pelo selo Blue Note, Here to Stay é um daqueles álbuns que parecem atravessar o tempo com naturalidade, reafirmando o trompetista Freddie Hubbard como um dos grandes nomes do jazz moderno. À época da gravação, Hubbard tinha apenas 24 anos, mas já era figura de destaque na cena nova-iorquina, participando de sessões históricas com Art Blakey, Ornette Coleman e John Coltrane.

O disco traz uma formação de peso: Hubbard no trompete, Cedar Walton ao piano, Reggie Workman no baixo, Philly Joe Jones na bateria e Wayne Shorter no saxofone tenor. O encontro resulta em uma sonoridade que equilibra lirismo e vigor, marcada por improvisos inventivos e arranjos coesos.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!  

Freddie Hubbard (1938-2008) - 

01. Philly Mignon
02. Father And Son
03. Body And Soul
04. Nostrand And Fulton
05. Full Moon And Empty Arms
06. Assunta

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Paul Hindemith (1895-1963) - Symphonic Metamorphosis of Themes by Carl Maria von Weber, Nobilissima Visione Suite e Konzertmusik, Op. 50

Não lembro qual foi a a última postagem com a música de Paul Hindemith, uma espécie de arquiteto da música do século XX. Neste disco, encontramos três extraordinárias obras orquestrais do compositor alemão, nascido em Hanau. A primeira delas é a "Metamorfose Sinfônica sobre temas de Carl Maria von Weber". Hindemith parte de melodias relativamente obscuras de Carl Maria von Weber — peças para piano e música incidental — e as reconstrói com engenho contrapontístico, vigor rítmico e cores orquestrais modernas. Não se trata de simples variação, mas de um verdadeiro "re-imaginar" do material, um Weber transformado à luz do século XX. O resultado é uma obra brilhante, espirituosa, de energia quase dançante, que conquistou rapidamente o público e permanece até hoje no repertório das grandes orquestras.  

A segunda obra do disco é a "Nobilissima Visione Suite", baseada em um balé sobre a vida de São Francisco de Assis. O tom da obra é contemplativo, espiritual, mas sem a sisudez nebulosa de uma obra religiosa típica. A suite, derivada do balé, resume em três movimentos essa paleta sonora que mescla devoção e humanismo, revelando o lado lírico do compositor.

E, por fim, a última obra "Konzertmusik, Op. 50", escrita para o 5º aniversário da Boston Symphony Orchestra. Aqui não há concessão a melodias fáceis: é música densa, intelectualmente robusta, que exige tanto da orquestra quanto do ouvinte. É também um manifesto da confiança de Hindemith na "música útil" (Gebrauchsmusik), não no sentido de utilitária, mas como arte concebida para ter função clara, comunicando de forma direta e sem ornamentos supérfluos.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Paul Hindemith (1895-1963) - 

01 - Symphonic Metamorphosis of Themes by Carl Maria von Weber_ I. Allegro
02 - Symphonic Metamorphosis of Themes by Carl Maria von Weber_ II. Scherzo
03 - Symphonic Metamorphosis of Themes by Carl Maria von Weber_ III. Andantino
04 - Symphonic Metamorphosis of Themes by Carl Maria von Weber_ IV. Marsch
05 - Nobilissima Visione Suite_ I. Einleitung. Rondo
06 - Nobilissima Visione Suite_ II. Marsch. Pastorale
07 - Nobilissima Visione Suite_ III. Passacaglia
08 - Konzertmusik, Op. 50, _Bostoner Sinfonie__ Pt. 1, Mäßig schnell, mit Kraft - Sehr breit, aber s
09 - Konzertmusik, Op. 50, _Bostoner Sinfonie__ Pt. 2, Lebhaft - Langsam - Im ersten Zeitmaß

WDR Symphony Orchestra
Marek Janowski, regente 

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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Antonio Vivaldi (1678-1741) - 6 Concertos pour flûte à bec

Um disco imensamente agradável com a música de Antonio Vivaldi.  O compositor italiano deixou incontestavelmente a sua marca na música ocidental. Quem não conhece os primeiros compassos da "Primavera" de "As quatro estações"? Além disso, era um virtuose, alguém que respirava música. Suas obras frequentemente têm uma pulsação rítmica contínua e vigorosa. São repletas de elegância. É possível ouvir Vivaldi nas mais diversas atividades. 

Ele ajudou a consolidar a forma de concerto em três movimentos (rápido - lento - rápido). Fez uso frequente de progressões sequenciais, criando um efeito de repetição em degraus; usava tonalidades claras e diretas, transmitindo leveza e brilho, o que transforma a sua música em uma experiência sempre agradável e de bom gosto. Ele escreveu mais de impressionantes 500 concertos. Há quem diga que ele se repetiu em excesso. Não faz mal. Vivaldi se repetia, pois era largo, enorme. 

Neste disco (que escutei duas vezes seguidas), encontramos seis deliciosos concertos para flauta doce. Destaque para o RV 428, que jugo como uma das obras mais bonitas e delicadas da música barroca. O segundo movimento (Allegro) é de uma delicadeza indescritível. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Antonio Vivaldi (1678-1741) - 

Concerto en do mineur, RV 441

01. Allegro non molto
02. Largo
03. Allegro non molto

La tempête en mer, Op. 10/1, RV 433
04. [Intro]
05. Allegro
06. Largo
07. Presto

Concerto en la mineur, RV 440
08. Allegro non molto
09. Larghetto
10. Allegro

Le chardonneret, Op. 10/3, RV 428
11. [Intro]
12. Allegro
13. Largo cantabile
14. Allegro

Concerto en la mineur, RV 108
15. Allegro
16. Largo
17. Allegro

La nuit, Op. 10/2, RV 439
18. [Intro]
19. Largo
20. Fantasmi: Presto - Largo - Presto
21. Il Sonno: Largo - Allegro

Concerto en ré mineur, Op. 3/11, RV 565

22.Largo

La Simphonie du Marais
Hugo Reyne, flauta doce e direção 

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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Gustav Mahler (1860-1911) - Symphony No. 5 in C sharp minor

Acredito que a Sinfonia Nº 5, de Mahler, seja uma obra que funciona como uma espécie de porta para o mundo do compositor, assim como a Sinfonia Nº 4 - esta, certamente, menos impetuosa e mais lírica. A Quinta é um tratado sobre a experiência da vida humana; é uma reflexão profunda sobre o dilema da existência de cada um de nós. Ela possui tensão, questionamentos, ironias amargas, dor, nostalgia e triunfo. Talvez, este último substantivo seja resultado de uma perspectiva cristã. Do ponto de vista de uma análise mais banal, o triunfo é o sentimento que impele os otimistas, os esperançosos e, a maior parte do tempo, a Quinta não é nada disso. 

Escrita entre os anos de 1901 e 1902, ela é iniciada por um trompete eminentemente fúnebre. Ele destila desolação e imprime uma funda sensação de trágico. Os dois primeiros movimentos estão eivados por esse espírito sombrio. O clima sombrio, no entanto, dá lugar a um terceiro movimento arrebatador: um gigantesco scherzo, repleto de vigor rítmico, em que o compositor lança mão da tradição vienense da valsa para criar um turbilhão sonoro entre o cômico e o grotesco.

O quarto movimento é o famoso Adagietto, escrito para harpas e corda. Talvez, seja um dos momentos mais bonitos e delicados da história da música ocidental. É a consumação do sublime, do celestial. Se houver música no céu, certamente a música a ser tocada será o Adagietto da Quinta de Mahler.  

Por fim, o quinto movimento traz a catarse. Mahler retoma o otimismo em um brilhante contraponto, conduzindo a orquestra a uma explosão de energia vital — não sem ironia, mas sempre com um olhar voltado ao infinito.

Não deixe de ouvir esta obra-prima. Uma boa apreciação!  

Gustav Mahler (1860-1911) - 

01 - I. Trauermarsch
02 - II. Stürmisch bewegt, mit größter Vehemenz
03 - III. Scherzo. Kräftig, nicht zu schnell
04 - IV. Adagietto. Sehr langsam
05 - V. Rondo-Finale. Allegro

Chicago Symphony Orchestra
Claudio Abbado, regente 

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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Louis Spohr (1784-1859) - Violin Concertos 9 & 10; Potpourri


 Este é o último disco com os Concertos para violino e orquestra, do alemão Louis Spohr. Colocado em um escalão secundário na atualidade, o compositor já usufruiu de um enorme prestígio. Era virtuose. Frequentou as principais salas de concerto do seu tempo. Tinha a atenção disputada. Viajou pelas principais cidades e países para conduzir a sua música. Atualmente, poucos – com exceção do estudiosos e músicos mais aplicados – conhecem as suas obras.

Spohr viveu em um período de transição assim como Beethoven e Schubert. Algumas de suas obras possuem uma fragrância haydniana; outras, já estão cravadas dentro da tradição romântica. Neste disco, por exemplo, encontramos dois importantes concertos.

O primeiro deles é o de nº 9, também conhecido como “Cena Cantada”, é uma obra incomum, escrita em 1820. Estruturado de forma quase contínua, sem os cortes tradicionais entre movimentos, aproxima-se mais de uma ária operística do que de um concerto convencional. O solista assume um papel narrativo, dialogando com a orquestra em linhas líricas e intensamente dramáticas, que exigem não apenas técnica refinada, mas sobretudo sensibilidade de cantor. O efeito é de uma peça teatral sem palavras, que antecipava um romantismo mais subjetivo e expressivo.

Já o Concerto No. 10, escrito dois anos após o número 9, combina passagens de elegância e brilho virtuosístico, com momentos de serena delicadeza. É uma obra cuja presença do romantismo se faz sentir pelo caráter de rica expressividade.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Louis Spohr (1784-1859) - 

(01)_Violin_Concerto_WoO_9_in_G_major_-_Allegro
(02)_Violin_Concerto_WoO_9_in_G_major_-_Adagio
(03)_Violin_Concerto_WoO_9_in_G_major_-_Alla_Polacca
(04)_Violin_Concerto_WoO_10_in_e_minor_-_Allegro_maestoso
(05)_Violin_Concerto_WoO_10_in_e_minor_-_Romanze
(06)_Violin_Concerto_WoO_10_in_e_minor_-_Rondo,_Allegretto
(07)_Concerto_Movement_WoO_16_in_D_major
(08)_Potpourri_op._23__after_a_theme_from_Mozarts_'Entführung'

Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin
Christian Fröhlich, regente
Ulf Hoelscher, violino 

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Claude Debussy (1862-1918) - Nocturnes, Images, Prélude à l'après-midi d'un faune & Marche écossaise


Debussy foi um sujeito que inseriu mudanças fenomenais na música do século XX. O francês mudou a forma de como se percebe a música, de como se deve apreciá-la. Sua música ganha atmosferas mais sugestivas do que declarativas e estruturais. Neste disco, encontramos algumas das extraordinárias peças que escreveu; boas para iniciar uma incursão pelas suas produções impressionistas.

A primeira delas são os deliciosos “Nocturnes”, escritos no ano de 1899. Debussy colore o céu, o mar e noite com pinceladas sonoras, repletas de texturas fascinantes. Não são “noturnos” no sentido chopiniano, intimistas ao piano, mas paisagens sonoras que sugerem nuvens, festas e sereias. Debussy troca a lógica do discurso musical pelo fascínio da cor.

Outra obra fascinante é a luxuriosa “Prélude à l’après-midi d’un faune”, escrita no ano de 1894. Inspirada em um poema de Mallarmé, a obra é revolucionária sob vários aspectos. Ela praticamente sugere para onde iria a música do século XX. A flauta que inaugura a obra não anuncia uma narrativa, mas um estado de suspensão — como se o ouvinte fosse convidado a entrar em um sonho etéreo.

Curiosa é a “Marche écossaise sur un thème populaire”, uma obra menos citada, mas reveladora. Partindo de um tema folclórico escocês, Debussy joga com exotismo e ironia. É como se dissesse: “Posso dialogar com tradições distantes sem me curvar ao academicismo”. A peça mostra seu gosto pela liberdade e pela reinvenção.

“Images”, escrita entre 1905 e 1912, é uma obra em que se percebe a consolidação da busca por uma pintura sonora. Ao orquestrar reflexos, danças e impressões, Debussy sugere que a música pode ser um espelho fragmentado da realidade — como uma tela impressionista que não descreve, mas deixa cintilar.

E, por fim, a última obra do disco é “Jeux”, de 1913. Foi encomendada por Diaghilev. É uma obra ousada e parece antecipar a linguagem de Stravinsky. “Jeux” em francês significa “jogos”, “brincadeiras”, “divertimentos”. O enredo — um jogo noturno de tênis, trivial e moderno — contrasta com a complexidade da partitura. Debussy mostra que a arte podia dialogar com a vida contemporânea sem perder profundidade.

Curiosamente, essas gravações realizadas por Désiré-Emile Inghelbrecht, são dos anos 50. A qualidade é espetacular. O maestro era multitarefas – escritor, regente, produtor. Foi amigo de Debussy. Morreu em 1965; este ano, faz 60 anos de sua partida.

 Claude Debussy (1862-1918) - 

01. Nocturnes, CD 98, L. 91: No. 1, Nuages (6:24)
02. Nocturnes, CD 98, L. 91: No. 2, Fêtes (6:57)
03. Nocturnes, CD 98, L. 91: No. 3, Sirènes (10:07)
04. Prélude à l'après-midi d'un faune, CD 87a, L. 86 (9:46)
05. Marche écossaise sur un thème populaire, CD 83b, L. 77 (6:52)
06. Images, CD 118a, L. 122: Pt. 2 "Iberia": I. Par les rues et par les chemins (7:16)
07. Images, CD 118a, L. 122: Pt. 2 "Iberia": II. Les parfums de la nuit (8:40)
08. Images, CD 118a, L. 122: Pt. 2 "Iberia": III. Le matin d'un jour de fête (4:20)
09. Images, CD 118a, L. 122: Pt. 1 "Gigues" (7:46)
10. Images, CD 118a, L. 122: Pt. 3 "Rondes de printemps" (8:40)
11. Jeux, CD 133a, L. 126 (19:23)

Orchestre National de La Radiodiffusion Française
Désiré-Emile Inghelbrecht, regente 

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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - Piano Trio No. 1 in C Minor, Op. 8, Piano Trio No. 2 in E Minor, Op. 67 e 7 Verses, Op. 127

Dmitri Shostakovich é um dos meus compositores favoritos. Posso ouvi-lo por horas a fio sem reclamos. Existe um quê de tensão, de melancolia e pessimismo desolado em suas obras, algo que verdadeiramente me atrai. Em suas sinfonias, a força, a ironia burlesca e desconfiança surgem como insinuações críticas que podem ser percebidas em camadas mais fundas. Shostakovich viveu em um momento político muito sensível do século XX. O poder onipresente do estado soviético era um entrave à sua liberdade criativa e ele não pôde ignorar, sensível como era, essa força esmagadora.

Acredito que a carga emocional mais profunda acerca de suas impressões pode ser sentida em sua obra camerística. Elas espreitam o escuro, a face lívida da desesperança; são afirmações incontestáveis de como o compositor enxergava a vida e a história. O Trio Nº 1, por exemplo, é uma obra de juventude. Foi escrito em 1923, quando o compositor tinha apenas 17 anos de idade. Assim como a Sinfonia Nº 1, é um trabalho acadêmico. Foi dedicado a Tatyana Glivenko, seu primeiro grande amor. A obra impressiona pelo frescor melódico e pelo virtuosismo pianístico, revelando já um traço que marcaria sua carreira: a ironia embutida em passagens de aparente leveza.

O Trio Nº 2 é do ano de 1944, escrito nos momentos cruciais e devastadores da Segunda Guerra Mundial. Foi escrito em homenagem ao amigo Ivan Sollertinsky, crítico e defensor apaixonado da sua obra. O célebre movimento final — uma dança macabra com ecos de música judaica — tornou-se símbolo do lamento coletivo diante do Holocausto. A alternância entre lirismo devastador e sarcasmo feroz traduz não apenas a dor pessoal do compositor, mas também um comentário social cifrado sobre os horrores do tempo.

E a terceira obra do disco são os impressionantes 7 versos de Aleksandr Blok, Op. 127, escrito em 1967. Com soprano, violino, violoncelo e piano, a obra mergulha no universo simbolista do poeta russo Aleksandr Blok. A escrita é intimista, quase ascética, marcada por uma economia de meios que confere ainda mais força à sua atmosfera de mistério e resignação. É uma obra desolada, escrita em um momento de maturidade do compositor. Parece ser a reflexão de uma vida.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - 

01 - Piano Trio No. 1 in C Minor, Op. 8
02 - Piano Trio No. 2 in E Minor, Op. 67_ I. Andante - Moderato
03 - Piano Trio No. 2 in E Minor, Op. 67_ II. Allegro con brio
04 - Piano Trio No. 2 in E Minor, Op. 67_ III. Largo
05 - Piano Trio No. 2 in E Minor, Op. 67_ IV. Allegretto
06 - 7 Verses, Op. 127_ No. 1, Song of Ophelia
07 - 7 Verses, Op. 127_ No. 2, Gamayun, the Bird of Prophecy
08 - 7 Verses, Op. 127_ No. 3, We Were Together
09 - 7 Verses, Op. 127_ No. 4, Gloom Enwraps the Sleeping City
10 - 7 Verses, Op. 127_ No. 5, The Storm
11 - 7 Verses, Op. 127_ No. 6, Secret Signs
12 - 7 Verses, Op. 127_ No. 7, Music

Münchner Klaviertrio
Alla Ablaberdyeva, soprano 

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domingo, 28 de setembro de 2025

Richard Wagner (1813-1883) - Orchestral Music

Existe um número incontável de gravações como estas que aparecem neste disco. São movimentos orquestrais retirados das espetaculares óperas de Wagner. Sempre que encontro essas gravações, costumo escutá-las. Houve um tempo em que tinha uma birra infantil contra o Wagner. Hoje, reconheço a sua genialidade. Wagner foi grande, enorme. Quando afirmo isso, refiro-me à sua música; ignoro o homem Wagner, que possuía posições filosóficas controversas.

Wagner criou aquilo que passou a ser chamado de "obra de arte total", em que poesia, teatro, música e artes visuais se uniriam de forma inseparável. O compositor expandiu enormemente o tamanho e a importância da orquestra, tornando-a quase protagonista. A orquestra era responsável por preencher os espaços vazios, para exaltar a ideia do drama. Suas obras eram inspiradas em mitos nórdicos e germânicos e pelas ideias filosóficas de pensadores como Schopenhauer. Ou seja, ouvir Wagner é visitar mundos ideais, onde há heróis, drama, harmonias inovadoras e profundidade simbólica. 

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Richard Wagner (1813-1883) - 

DISCO 01

01 - Die Walkuere - Walkuerenritt
02 - Goetterdaemmerung - Morgendaemmerung und Siegfrieds Rheinfahrt
03 - Goetterdaemmerung - Siegfrieds Trauermarsch
04 - Das Rheingold - Einzug der Goetter in Walhall
05 - Siegfried - Waldweben
06 - Die Walkuere - Wotans Abschied und Feuerzauber

DISCO 02


01 - Tannhaeuser - Ouvertuere
02 - Rienzi - Ouvertuere
03 - Lohengrin - Vorspiel zum 1. Aufzug
04 - Lohengrin - Vorspiel zum 3. Aufzug
05 - Die Meistersinger von Nuernberg - Vorspiel zum 1. Aufzug

Berliner Philharmoniker
Klaus  Tennstedt, regente 

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sábado, 27 de setembro de 2025

George Bizet (1838-1875) - Symphonie en Ut majeur e Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre; Emmanuel Chabrier (1841-1894) - Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre

Um disco agradável com algumas obras do repertório francês do século XIX. São obras que, geralmente, são colocadas em um plano secundário. Todavia, gosto delas - principalmente, das duas obras de Bizet que aqui aparecem. O compositor é mais conhecido pela sua imorredoura e bela ópera Carmem. Vale mencionar que suas composições vão para além disso. Neste disco, por exemplo, encontramos a Symphonie en Ut majeur, escrita quando o compositor ainda era um adolescente, em 1855. A obra permaneceu esquecida em manuscritos até 1935, quando finalmente foi descoberta e publicada. Jovial, brilhante e fortemente influenciada pelo estilo de Charles Gounod, seu professor, a sinfonia antecipa o frescor melódico e a clareza orquestral que marcariam a produção francesa posterior.

A outra obra do compositor presente no disco é Jeux d'enfants Op. 22, escrita em 1871. Ela foi escrita, inicialmente, para piano a quatro mãos. Acabou ganhando orquestração pelas mãos do próprio compositor. 

A terceira obra do disco é a  Suite Pastoral, de Chabrier, que procura retratar a beleza e o aspecto bucólico da vida no campo. A obra é do ano de 1888. A peça é fruto de arranjos orquestrais de músicas de piano do ciclo Dix Pièces pittoresques. O resultado é uma tapeçaria sonora colorida, onde danças populares e melodias folclóricas se misturam a um tratamento orquestral inovador, prenunciando o caminho que levaria à estética impressionista de Debussy e Ravel.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

01 - Symphonie en Ut majeur _ I. Allegro Vivo
02 - Symphonie en Ut majeur _ II. Adagio
03 - Symphonie en Ut majeur _ III. Allegro Vivace (Scherzo)
04 - Symphonie en Ut majeur _ IV. Allegro Vivace
05 - Suite Pastorale _ I. Idylle
06 - Suite Pastorale _ II. Danse Villageoise
07 - Suite Pastorale _ III. Sous-bois
08 - Suite Pastorale _ IV. Scherzo-valse
09 - Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre _ I. Marche - Trompette Et Tambour
10 - Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre _ II. Berceuse - La Poupée
11 - Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre _ III. Impromptu _ La Toupie
12 - Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre _ IV. Duo - Petit Mari, Petite Femme
13 - Jeux d'enfants Op. 22, Petite Suite d'orchestre _ V. Galop - Le Bal

Les Siècles

François-Xavier Roth, regente 

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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Jules Massenet (1842-1912) - Thérèse

Jules Massenet foi um nome incontestável da ópera do século XIX - que conheceu tantos mestres (Wagner, Verdi, Rossini, Bellini etc). O nome de Massenet figura entre os grandes. Thérèse é uma ópera já escrita no século XX. É um dos seus últimos trabalhos. Foi escrita em 1907. A partitura revela um Massenet maduro, preocupado em explorar as tensões emocionais de seus personagens com refinamento musical e economia de meios.

O libreto, assinado por Jules Claretie, situa-se em 1792, período em que a França vivia as convulsões da queda da monarquia. No centro da trama, Thérèse, casada com o girondino André Thorel, vive um conflito amoroso e moral: embora leal ao marido, ainda é apaixonada por Armand de Clerval, aristocrata e amigo de infância. Entre a fidelidade conjugal e o desejo, entre o dever político e o amor, a protagonista encarna a mulher dilacerada entre dois mundos irreconciliáveis.

A música reflete esse dilema com um lirismo contido, quase camerístico. Diferente de outras óperas históricas da época, Thérèse evita grandes coros revolucionários e concentra-se no diálogo íntimo. A orquestração, clara e delicada, serve para intensificar as emoções internas de Thérèse, culminando em um desfecho trágico, em que ela escolhe partilhar o destino do marido na guilhotina, renunciando ao reencontro amoroso.

É um trabalho intenso. A parte final é dramática e eloquente. A obra é uma reflexão sobre as escolhas, a lealdade e o preço da liberdade pessoal em momentos históricos disruptivos. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!  

Jules Massenet (1842-1912) - 

01. Acte I: Selle, Paquete, Bride - The Linden Singers/Ian Humphris
02. Acte I: A Chacun Son Devoir - Louis Quilico
03. Acte I: Oui, Je T'aime - Huguette Tourangeau
04. Acte I: Le Parc!... Et Le Perron! - Ryland Davies
05. Acte I: Mais Qu'est-Ce Que Leurs Mains - Ryland Davies
06. Acte I: Oubliez! Je Ne Veux Plus Aimer - Huguette Tourangeau
07. Acte I: Je Ne Pense Qu'a Lui - Huguette Tourangeau
08. Acte II: Entr'acte-Menuet Lent - New Philharmonia Orch/Richard Bonynge
09. Acte II: Jour De Juin! Jour D'ete! - Huguette Tourangeau
10. Acte II: Que Dis-Tu? - Louis Quilico
11. Acte II: Ah! Vous? ... Quoi Donc, Morel? - Huguette Tourangeau/Louis Quilico
12. Acte II: Loin De Toi... C'est La Mort - Ryland Davies
13. Acte II: Qui Vient La? - Huguette Tourangeau
14. Acte II: Il Est Sauve! - Huguette Tourangeau

New Philharmonia Orchestra
The Linden Singers

Richard Bonynge, regente 

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Einojuhani Rautavaara (1928-2016) - Cantus Arcticus, Op. 61 (Concerto for Birds and Orchestra), Piano Concerto No. 1, Op. 45 e Symphony No. 3, Op. 20

Lançado pela primeira vez em 1999, este álbum — primorosamente gravado e executado — oferece uma introdução quase perfeita, em um só disco, à obra de Einojuhanni Rautavaara (1928-2016). Considerado não apenas o mais importante compositor finlandês depois de Sibelius, mas também um dos grandes mestres da música erudita do século XX, Rautavaara permanece um nome pouco conhecido do grande público — uma injustiça que registros como este ajudam a corrigir.

Ao longo de sua extensa carreira, o compositor transitou por diferentes estilos: das paisagens sonoras áridas e pontilhistas do serialismo dos anos 1950 às obras mais acessíveis e líricas do neo-romantismo do século XXI. Um exemplo notável é o Cantus Arcticus (Concerto para Pássaros e Orquestra), Op. 61. Muito além de uma experiência sonora, em que gravações de cantos de aves dialogam com a orquestra, a peça alcança uma força quase mística, fundindo natureza e música em passagens de intensa beleza emocional. Sob a regência de Hanu Lintu, a Orquestra Nacional da Escócia entrega uma interpretação equilibrada entre potência contida, reverência e exaltação.

A Sinfonia nº 3, Op. 20, com ecos de Bruckner e Sibelius, mostra-se igualmente acessível, mas madura e profunda, escapando do rótulo de mera peça de efeito. Já o Concerto para Piano nº 1, Op. 45, assume deliberadamente esse caráter mais virtuosístico: enérgico, divertido e carregado de dissonâncias características do estilo de Rautavaara. A solista Laura Mikkola interpreta a obra com brilhantismo, acompanhada pela regência vibrante de Lintu.

Com esse programa bem estruturado e envolvente, o selo Naxos entrega ao ouvinte um verdadeiro aperitivo musical. Para quem deseja mergulhar mais fundo no universo de Rautavaara, a gravadora finlandesa Ondine lançou em 2009 caixas de quatro discos dedicadas às oito sinfonias , aos doze de seus quatorze concertos — incluindo o Cantus Arcticus  — e, em 2012, a um amplo repertório coral.

Até lá, este disco segue sendo uma recomendação enfática para quem deseja descobrir — ou redescobrir — a genialidade de Rautavaara. 

Einojuhani Rautavaara (1928-2016) - 

Cantus Arcticus, Op. 61
(Concerto for Birds and Orchestra)
01. I. Suo (The Marsh)
02. II. Melankolia (Melancholy)
03. III. Joutsenet muuttavat (Swans Migrating)

Piano Concerto No. 1, Op. 45
04. I. Con grandezza
05. II. Andante (ma rubato)
06. III. Molto vivace

Symphony No. 3, Op. 20
07. I. Langsom, breit, ruhig
08. II. Langsam, doch nich schleppend
09. III. Sehr schnell
10. IV. Bewegt

Royal Scottish National Orchestra
Hannu Lintu, regente
Laura Mikkola, piano 

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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Samuel Coleridge-Taylor (1875-1912) - Toussaint L’Ouverture, Op. 46 - Ballade Op. 4 - Suites from “24 Negro Melodies”

O maestro Michael Repper, vencedor do Grammy, conduz a National Philharmonic, de Washington D.C., em uma homenagem a Samuel Coleridge-Taylor. O projeto dá origem a um álbum com gravações inéditas, lançado em celebração aos 150 anos de nascimento do compositor britânico de ascendência africana. A iniciativa conta ainda com a participação do violinista Curtis Stewart, indicado ao Grammy, que apresenta arranjos próprios para obras de Coleridge-Taylor.

A gravadora AVIE Records, pioneira na redescoberta da obra do compositor, já havia lançado em 2004 a primeira gravação mundial de seu Concerto para Violino. Agora, o novo álbum reúne versões inéditas de peças como Toussaint L’Ouverture, Ballade Op. 4 e a suíte de 24 Negro Melodies.

Curtis Stewart explica que buscou inspiração em reflexões sobre a herança da escravidão e o significado de carregar um nome, reinterpretando essas marcas históricas sob a ótica contemporânea. Segundo o violinista, o conceito de “rebranding” também se aplica às Negro Melodies, com o objetivo de destacar a influência dessas canções na cultura popular atual e trazê-las para o palco sinfônico.

“Minha intenção com esses arranjos é reconhecer o impacto dessas melodias na música de hoje, convidando o público a participar ativamente – seja cantando, se movimentando ou batendo palmas em ritmo. A ideia é criar pertencimento e comunidade em torno dessa música dentro da sala de concerto, reconhecendo o que considero a matriz da música de concerto americana: o Blues”, afirma Stewart.

Do encarte do disco. Uma boa apreciação!

Samuel Coleridge-Taylor (1875-1912) -  

01. Toussaint L’Ouverture, Op. 46
02. Ballade in D Minor for Violin and Orchestra, Op. 4
03. 3 Selections from “24 Negro Melodies”: I. Deep River (America) 
04. 3 Selections from “24 Negro Melodies”: II. They Will Not Lend Me a Child (Southeast Africa) 
05. 3 Selections from “24 Negro Melodies”: III. The Angels Changed My Name (America) 
06. Suite from “24 Negro Melodies”: I. I’m Troubled in Mind (America) Op. 59 No. 14 
07. Suite from “24 Negro Melodies”: II. Intermezzo – Don’t Be Weary, Traveler (America) Op. 59 No. 12 
08. Suite from “24 Negro Melodies”: III. Scherzo – Ringendjé: Song of Conquest (South Africa) Op. 59 No. 5 
09. Suite from “24 Negro Melodies”: IV. Lament – They Will Not Lend Me a Child (Southeast Africa) Op. 59 No. 4 
10. Suite from “24 Negro Melodies”: V. Finale – Alla Marcia – Oloba (West Africa) Op. 59 No. 7 

National Philharmonic Orchestra
Michael Repper, regente
Curtis Stewart, violino 

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Piano Music of Camargo Guarnieri

"Conta-se que quando Camargo Guarnieri veio ao mundo, em Tietê, às margens do rio de mesmo nome, seu pai gritou: “Géssia, já nasceu o menino? Coloque aí o nome de Mozart!”. Nascido no dia 1º de fevereiro de 1907, Guarnieri era filho de Géssia e Miguel, imigrante italiano e músico amador louco por óperas, que batizou os filhos com nomes de célebres compositores: além dele, que se chamou Mozart, seus irmãos eram Belline, Rossine e Verdi. Apenas “Mozart” seguiu a carreira de músico. 

Aos 13 anos, Camargo Guarnieri dedicou ao professor Virgínio Dias sua primeira composição, Sonho de artista. O mestre detestou a obra, mas seu Miguel, entusiasmado com o talento do garoto, resolveu mudar-se com toda a família para São Paulo, para dar melhores oportunidades de aprimoramento musical para o filho. Na capital, o jovem contribuía no sustento da casa, ajudando o pai na barbearia e tocando piano em lojas de partituras, cinemas e casas noturnas. 

Guarnieri seguiu seu aprendizado até que, em 1928, conheceu um personagem fundamental em sua trajetória: o escritor Mário de Andrade. Camargo Guarnieri, então com 21 anos, mostrou a Mário suas composições Dança brasileira e Canção sertaneja. Ao ouvi-las, Mário teria dito: “Encontrei o que estava procurando” – ou seja, ele teria visto de imediato no compositor alguém capaz de por em prática seu acalentado projeto de criação de uma música erudita de caráter nacional".  (...)

Trecho de um texto importante da Revista Concerto. Pode ser lido integralmente aqui 

Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) -

01. Dansa Negra
02. Improviso: II. Lentamente
03. Valsa, No. 2
04. Lundu
05. Momento, No. 7
06. Sonatina, No. 1: I. Molengamente, bem forma o canto
07. Sonatina, No. 1: II. Modinha
08. Sonatina, No. 1: III. Dança
09. Toada Triste
10. Valsa, No. 4
11. Improviso: IV. Saudoso
12. Ponteios, Book III: No. 30
13. Ponteios, Book IV: No. 37
14. Ponteios, Book V: No. 49 (Homenagem à Scriabin)
15. Sonatina, No. 4: I. Com alegria
16. Sonatina, No. 4: II. Melancólico
17. Sonatina, No. 4: III. Gracioso
18. Improviso: III. Nostalgico
19. Chôro Torturado
20. Valsa, No. 6
21. Improviso: VI. Tristonho
22. Toada
23. Sonatina, No. 5: I. Com humor
24. Sonatina, No. 5: II. Muito calmo, terno
25. Sonatina, No. 5: III. Com Alegria, con espirito
26. Improviso: IX. Melancolico

Martin Jones, piano 

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