quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43 e Symphony No. 5 in D Minor, Op. 47

Que Shostakovich é um dos meus compositores favoritos, não é nenhuma novidade para ninguém. Ele sempre aparece por aqui. Sempre que posso, volto à carga. É inexplicável. Geralmente, quando começo a ouvi-lo, repito duas, três, quatro vezes a mesma composição. Certa vez, fui ouvir a Sinfonia No.  13 - "Babi Yar" - e devo ter escutado umas cinco vezes seguidas. Neste disco, por exemplo, há um dos trabalhos que ouço com uma embriagada admiração - a Sinfonia No. 4. 

Ela possui uma importância seminal entre as obras escritas pelo compositor. Iniciada em 1935 e concluída em 1936, a Sinfonia No. 4 é a explosão de um artista inconformado. Mais do que uma obra sinfônica monumental, ela é o testemunho de um momento de inflexão decisivo na trajetória do compositor e na vida cultural soviética: o período em que o aparato político do stalinismo consolidava um regime de vigilância estética que culminaria no cerco implacável ao modernismo musical. 

É notória a tensão que ela carrega. Após a estreia da ópera "Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk", Shostakovich passou a ser vigiado pelas autoridades do Partido. Havia sido acusado "formalista burguês", de "naturalista grosseiro", após a estreia da ópera. O próprio Stálin a condenara. O ideal de uma arte otimista e que louvasse os feitos soviéticos não era a intenção do compositor. Por isso, quando da estreia da Sinfonia No. 4, ela também estava sob fundas suspeições; acabou por ser tirada do programa. O extraordinário trabalho só viria a estrear em 1961, oito anos após a morte de Stálin, sob a regência de Kirill Kondrashin.  O que se ouviu era demolidor.

O primeiro movimento é de uma força aterradora. Ela se caracteriza pela acentuada fragmentação temática e pelo uso de texturas orquestrais tensionadas, frequentemente empurrando o material para zonas-limite de densidade e dissonância. É algo que cria um efeito estético poderoso. Não é apenas música - é a denúncia ao obscurantismo. Era a forma do compositor realizar o seu protesto; o seu não silêncio. Se a palavra não dizia, a música gritava.

Há ainda no disco a tam´bem maravilhosa Quinta Sinfonia. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - 

01. Shostakovich- Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43- I. Allegretto poco moderato
02. Shostakovich- Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43- II. Presto
03. Shostakovich- Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43- III. Moderato con moto
04. Shostakovich- Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43- IV. Largo
05. Shostakovich- Symphony No. 4 in C Minor, Op. 43- V. Allegro
06. Shostakovich- Symphony No. 5 in D Minor, Op. 47- I. Moderato
07. Shostakovich- Symphony No. 5 in D Minor, Op. 47- II. Allegretto
08. Shostakovich- Symphony No. 5 in D Minor, Op. 47- III. Largo
09. Shostakovich- Symphony No. 5 in D Minor, Op. 47- IV. Allegro non troppo

Frankfurt Radio Symphony
Alain Altinoglu, regente 

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