segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Gabriel Fauré (1824-1924) - Requiem, Op. 48, N 97

 

Pedra angular da renovação da música litúrgica francesa na transição para o séc. XX, o Requiem de Gabriel Fauré foi escrito entre 1887-1888, em cinco andamentos: Introït et Kyrie, Sanctus, Pie Jesu, Agnus Dei e In Paradisum. Nos anos subsequentes, a obra seria revista, tendo o compositor acrescentado o Offertoire, com a secção Hostias, e o Libera me, originalmente delineado em 1877.

Contrariando o estilo então em voga, o lirismo do bel canto italiano e a imponência estrutural e harmónica da tradição sinfónica alemã, Fauré idealizou um universo pautado por uma vocalidade de inspiração gregoriana, e uma textura orquestral intimista, com um panejamento harmónico de pendor impressionista.

A escuridão silábica dos primeiros compassos do Introït floresce na frase et lux perpetua [e a luz perpétua], sublinhando a importância simbólica da morte enquanto passagem para a vida eterna. A melodia seguinte, entoada pelos tenores, é retomada pelo coro, no Kyrie.

O Offertoire invoca, por três vezes, Cristo, metáfora da Santíssima Trindade, num cânone apenas interrompido pela negritude harmônica sobre as palavras de poenis inferni [das penas do Inferno]. O Hostias é confiado ao barítono sobre um acompanhamento instrumental de contraponto ondulado. A invocação inicial é retomada pelo coro, em crescendo harmónico, culminando num radiante Amen.

O Sanctus espraia-se sobre um ostinato da harpa, sobre a repetição das frases melódicas femininas pelas vozes masculinas. O brevíssimo Hosana, em aparente explosão dinâmica retrocede bruscamente, retomando o ambiente etéreo inicial. O andamento central, Pie Jesu, para soprano solo, é sereno e contemplativo, súplica para que os mortos possam receber o descanso eterno.

Segue-se o Agnus Dei, com dois expressivos temas, nos tenores e na orquestra, com interjeições corais de pendor dramático. Num gesto de pura magia musical, os sopranos entoam a palavra lux [luz], seguindo-se uma progressão melódico-harmónica de grande emotividade. Fauré recupera os compassos iniciais do Introït, terminando com a melodia pastoral da abertura, bálsamo de esperança e tranquilidade.

Os dois últimos andamentos são profundamente contrastantes. O Libera me, compassado, em que o solo suplicante de barítono dá lugar a um vislumbre do Dies irae, seguido da recapitulação da melodia inicial, desta feita pelo coro, e o In Paradisum, melodia diáfana dos sopranos, comentada pelo coro masculino, de pendor conclusivo.

Perante a crítica de que o seu Requiem era “uma canção fúnebre de embalar”, Fauré responderia: “Mas é assim que eu vejo a morte, uma entrega feliz, uma aspiração à felicidade celestial”.

Daqui 

Gabriel Fauré (1824-1924) - 

01 - Requiem, Op. 48, N 97 - I. Introït et Kyrie_ Molto larg
02 - Requiem, Op. 48, N 97 - II. Offertoire_ Allegro molto (
03 - Requiem, Op. 48, N 97 - III. Sanctus_ Andante moderato
04 - Requiem, Op. 48, N 97 - IV. Pie Jesu_ Adagio (Remastere
05 - Requiem, Op. 48, N 97 - V. Agnus Dei_ Andante (Remaster
06 - Requiem, Op. 48, N 97 - VI. Libera me_ Moderato (Remast
07 - Requiem, Op. 48, N 97 - VII. In Paradisum_ Andante mode

Orchestre de La Suisse Romande
Union Chorale de La Tour-de-Peilz

Ernest Ansermet, regente 

Você pode comprar este disco na Amazon

*Para acessar o link, por favor, clicar na imagem.

*Se possível, deixe um comentário. Sua participação é importante. Ela ajuda a manter o nosso blog!

 

Nenhum comentário: