segunda-feira, 28 de julho de 2025

Gabriel Fauré (1845-1924) - Cantique de Jean Racine, Op. 11, En prière, Madrigal, Op. 35, Messe des pêcheurs de Villerville, Requiem etc


Os réquiens de Mozart, Brahms e Fauré, para mim, são as mais expressivas e belas composições do gênero. Neste disco, encontramos algumas composições religiosas de Fauré, entre elas, o o seu indescritível Réquiem. Segue o texto:

"Pedra angular da renovação da música litúrgica francesa na transição para o séc. XX, o Requiem de Gabriel Fauré foi escrito entre 1887-1888, em cinco andamentos: Introït et Kyrie, Sanctus, Pie Jesu, Agnus Dei e In Paradisum. Nos anos subsequentes, a obra seria revista, tendo o compositor acrescentado o Offertoire, com a seção Hostias, e o Libera me, originalmente delineado em 1877.

Contrariando o estilo então em voga, o lirismo do bel canto italiano e a imponência estrutural e harmónica da tradição sinfónica alemã, Fauré idealizou um universo pautado por uma vocalidade de inspiração gregoriana, e uma textura orquestral intimista, com um planejamento harmónico de pendor impressionista.

A escuridão silábica dos primeiros compassos do Introït floresce na frase et lux perpetua [e a luz perpétua], sublinhando a importância simbólica da morte enquanto passagem para a vida eterna. A melodia seguinte, entoada pelos tenores, é retomada pelo coro, no Kyrie.

O Offertoire invoca, por três vezes, Cristo, metáfora da Santíssima Trindade, num cânone apenas interrompido pela negritude harmónica sobre as palavras de poenis inferni [das penas do Inferno]. O Hostias é confiado ao barítono sobre um acompanhamento instrumental de contraponto ondulado. A invocação inicial é retomada pelo coro, em crescendo harmónico, culminando num radiante Amen.

O Sanctus espraia-se sobre um ostinato da harpa, sobre a repetição das frases melódicas femininas pelas vozes masculinas. O brevíssimo Hosana, em aparente explosão dinâmica retrocede bruscamente, retomando o ambiente etéreo inicial. O andamento central, Pie Jesu, para soprano solo, é sereno e contemplativo, súplica para que os mortos possam receber o descanso eterno.

Segue-se o Agnus Dei, com dois expressivos temas, nos tenores e na orquestra, com interjeições corais de pendor dramático. Num gesto de pura magia musical, os sopranos entoam a palavra lux [luz], seguindo-se uma progressão melódico-harmónica de grande emotividade. Fauré recupera os compassos iniciais do Introït, terminando com a melodia pastoral da abertura, bálsamo de esperança e tranquilidade.

Os dois últimos andamentos são profundamente contrastantes. O Libera me, compassado, em que o solo suplicante de barítono dá lugar a um vislumbre do Dies irae, seguido da recapitulação da melodia inicial, desta feita pelo coro, e o In Paradisum, melodia diáfana dos sopranos, comentada pelo coro masculino, de pendor conclusivo.

Perante a crítica de que o seu Requiem era “uma canção fúnebre de embalar”, Fauré responderia: “Mas é assim que eu vejo a morte, uma entrega feliz, uma aspiração à felicidade celestial”.


Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!
 

Gabriel Fauré (1845-1924) - 

01. Cantique de Jean Racine, Op. 11
02. En prière
03. Madrigal, Op. 35
04. I. Kyrie
05. II. Gloria
06. III. Sanctus
07. IV. O salutaris
08. V. Agnus Dei
09. 2 Motets, Op. 65: No. 1, Ave verum corpus
10. 2 Songs, Op. 47: No. 2, Maria Mater Gratiae
11. 2 Motets, Op. 65: No. 2, Tantum ergo sacramentum
12. I. Introït & Kyrie
13. II. Sanctus
14. III. Pie Jesu
15. IV. Agnus Dei
16. V. In Paradisum

Choeur de Chambre de Namur
Millenium Orchestra

Thibaut Lenaerts, direção 

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