Quando eu tinha por volta de 10 ou anos 11 anos o grunge explodiu como um movimento avassalador. Uma centena de jornalistas fizeram as malas e foram para Seattle, cidade da costa oeste americana. Lá estava se dando um fenômeno extraordinário. É como se uma epidemia tivesse tomado conta daquele lugar. Tratava-se de uma pan-demia sonora. A gravadora Sub-Pop soltara para o mundo uma infinidade de bandas. Por aqui, nesse cantinho do Planeta onde as coisas acontecem de forma reversa, ainda conseguimos perceber as reverberações daquilo que acontecia por lá. Tomamos conhecimento apenas de um terço do que acontecia. Lá, centenas de bandas que surgiam a todo instante. Por aqui, somente aquelas que a indústria fonográfica preocupada com as cifras permitiam que ouvissêmos. Fui fisgado pelo som vindo de Seattle. No rádio, ouviamos Soundganden, Alice in Chains, Pearl Jam e, principalmente, Nirvana. Mais tarde, tomei conhecimento de outras boas bandas: Green River, Mudhoney, The Melvins, Tad e outras. Mas e, sobretudo, a banda que mais ouvi em minha adolescência foi o Nirvana - algo que faço ainda hoje. Não sei o que acontece. Aquelos jorros de desafinos, angústia e rebeldia adolescente me chamam para cantar. Na biografia Mais pesado que o céu - uma biografia de Kurt Cobain, Charles Cross, diz que a química perfeita do som do Nirvana era justamente a música, ou seja, a sonoridade com a voz rasgada que saía com um ímpeto incomparável. Os timbres sonoros de Kurt se equilibravam com o som selvagem e incotido produzido pelo trio. Passei a minha adolescência inteira ouvindo aquilo. O grunge possuía uma filosofia: as músicas falavam de angústia, de depressão, mas aspirava à liberdade. Essa necessidade emanava das três fontes do grunge: o punk rock (a rebeldia), heavy metal (o som pesado) e do indie rock (as letras densamente pessoalizantes). Um exemplo, é o caso do Alice In Chains, do vocalista Layne Staley. A morbidez das letras da banda de Layne impressiona. Mas aquilo tinha a ver com a sua tragédia pessoal com as drogas. O álbum In Utero do Nirvana, um dos discos de sonoridade mais suja e pesada do grunge atesta o quanto o movimento possuía uma atitude destrutiva. Mas deixemos de lado o colóquio flácido. São impressões colhidas no decorrer de mais de vinte anos em audições repetidas. O CD que ora posto traz as principais músicas do Nirvana vertidas ou transcritas para as cordas. Algumas ficaram até interessantes. Faça essa experimentação.
The String Tribute to Nirvana
01. Rape Me
02. Come As You Are
03. Smells Like Teen Spirit
04. All Apologies
05. On a Plain
06. Polly
07. Heart Shaped Box
08. Penny Royal Tea
09. Something in the Way
10. Lamb Fed Child (original composition)
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Baixo e cello, Todd Rubenstein
Viola e violino, Paul Tobias
Cello, André Janovich
Primeiro violino, Dadid Davidson
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Vou baixar. Deve ser no mínimo interessante. Você já ouviu o trio de jazz The Bad Plus? Eles fizeram uma bela versão de Smell Like Teen Spirit. E Brad Mehldau também fez suas interpretações de Nirvana e Radiohead.
ResponderExcluirAbraços.
Grande Charlles, privilégio você por aqui.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Não ouvi o grupo sugestionado por você.
E diga-me aí: o que achou do CD com essa transcriação do Nirvana?
Abraços!
Ainda só ouvi On a Plain, minha favorita do Nirvana. Muito boa! Sempre bom esses encontros além dos limites e dos rótulos da música. Vou escutar com mais atenção na hora certa.
ResponderExcluirNão vou dizer que se trata de algo inusitado, pois quarteto de violoncelistas gravou Mettalica há alguns anos atrás, e o resultado ficou interessante. Não posso dizer que era, ou seja fã do Nirvana, mas tenho a obrigação de reconhecer sua importância na música da década de 90. Desta turma, ainda prefiro Pearl Jam, Soundgarden e Jane´s Addiction. Esta última, por sinal, tenho ouvido com maior frequência.
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