Para quem está acostumado com a ordem e com os arroubos românticos, ouvir um trabalho como a Sinfonia no. 1 de Alfred Schnittke é um grande, incomensurável desafio. A impressão que nos dá é que todas as sonoridades foram prensadas em um liquidor e o resultado é um mundo aleatório, caótico, no qual faltam ordem e lógica. O russo parece fazer uma viagem musical pela tradição do Ocidente - ou pelo menos parece brincar com esta ideia. Faz referência a Beethoven, Tchaikovsky, Chopin, Johann Strauss; e até mesmo ao jazz. A anarquia sonora parece desafiar ou ironizar (ou quem sabe elogiar) tudo aquilo que já foi feito, mas quem sabe busca fazer uma crítica à ordem da tradição clássica. O certo é que não temos nesse trabalho a beleza propugnada por uma estética que nos conduza a um bem-estar. Pelo contrário, temos o feio, o informe, a demência, o insulto, sujeira, a esquizofrenia. Talvez resida nesse fato o nome da Sinfonia do russo - "Esquizofrênica". A Sinfonia no. 1 estreou em 1974 sob a condução de Gennady Rozhdestvensky. Mais tarde, Rozhdestvensky fez outra gravação (esta que vos apresento). Curiosamente, o trabalho se encontra em um único bloco, o que ajuda ainda mais a efetivar o efeito solapante. Ao ouvir a Primeira Sinfonia de Alfred Schnittke, lembrei daquela francesa do simbolista francês Arthur Rimbaud: "Uma noite, sentei a Beleza no meu colo. - E a achei amarga. - E a insultei." Uma boa tentativa de apreciação!
01 - Senza tempo. Moderato. 2. Allegretto. 3. Lento. 4. Lento. Allegro
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USSR Ministry of Culture Symphony Orchestra
Gennady Rozhdestvensky, regente
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Muitíssimo obrigado por me proporcionar a divina sensação de contemplar uma Sinfonia desconhecida.
ResponderExcluirSeria possível repassar esta gravação? (os links expiraram). Obrigada burt
ResponderExcluirVocê poderia reenviar esta gravação? Obrigado. Burt
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