A música contempôranea é como uma zona perigosa. Às vezes, eu vou lá, tomo um susto e depois volto. Geralmente, os sustos são positivos. Se insisto em tornar a ir é, porque, a música que lá escuto, provoca sensações graúdas, lapsos enormes, estesias amargas e ásperas, mas não deixo de ouvir. Foi por causa dessa descrição, que resolvi postar esse excelente CD. Ele traz dois nomes importantes da música do século XX - Martinu e Schnittke. Sendo assim, convido você a penetrar comigo nessa zona com timbres e nuances singulares, mas não menos belos e satisfatórios. Uma boa apreciação!
Bohuslav Martinu (1890-1959) -
Conserto for Two Pianos & Orchestra
01. Allegro non troppo
02. Adagio
03. Allegro
Alfred Schnittke (1934-1998) -
Conserto fo four-hands and Chamber Orchestra
04. Conserto fo four-hands and Chamber Orchestra
Homage à Grieg
05. Homage à Grieg
Polyphonicher Tango
06. Polyphonicher Tango
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Radio-Philharmonie Hannover des NDR
Eiji Oue, diretor
Duo Genova & Dimitrov, piano
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No século XX, a música erudita fugiu da melodia em busca do atonalismo; isso afastou o público?
ResponderExcluirEssa pergunta, formulada ao crítico britânico Norman Lebrecht em 2007, recebeu a resposta: “O atonalismo foi inevitável. Ele ganhou corpo numa era de trauma e ruptura, o período da II Guerra Mundial, quando um grupo de compositores quis criar músicas que não tivessem relação com o passado. As platéias viram essa mudança como uma traição. Existia uma idéia de que artista e publico tinham de andar lado a lado. Quando uma das partes muda de estilo e diz que não quer saber a opinião do público, cria-se um impasse. O atonalismo afugentou as platéias e essa rejeição atingiu muitos autores contemporâneos que faziam uma música menos atonal. Como o compositor checo Bohuslav Martinu, que sofreu uma rejeição sem precedentes sem de fato a merecer. Hoje em dia, acho que artistas e platéias estão menos radicais. Pode-se saborear as obras de um artista como o argentino Osvaldo Golijov, que tem uma música ousada, mas sem atonalismo.”
De fato, foi Martinu um músico de EXCEPCIONAL GRANDEZA, mas completamente posto de lado, já que o purismo de vanguarda assim o exigia. Martinu é autor de seis sinfonias de grande valor artístico, como aliás toda a sua obra orquestral, que deveria freqüentar com mais assiduidade as salas de concertos, se os responsáveis por sua programação fossem apenas um pouco mais arejados e inteligentes. Também, a música de câmera de Martinu, é de um valor excepcional; escutem seus quartetos para cordas.
De certa forma, o mesmo aconteceu, no Brasil, com Villa-Lobos. Consultem o ensaio de Willy Corrêa de Oliveira, compositor brasileiro de vanguarda, publicado no portal do estadão (no google é só colocar Willy Corrêa Villa-lobos estadão). Neste ensaio, Willy analisa a obra de Villa e o põe entre os maiores compositores do século XX. É extremamente educativo ler esta reavaliação de Willy Corrêa sobre a obra villalobiana, e verificarmos como a dita vanguarda foi e é extremamente fascista. Para a vanguarda, apenas ela pode estar no poder.
Gosto de Schoenberg, Berg, Webern, Messian, Berio, de Lutoslawski, Boulez, Ligeti, Carter, etc. Acho Kontrapunkte de Stockhausen uma obra-prima. Entretanto, como ignorar Hindemith (outro grande injustiçado), a grande música sinfônica inglesa de Arnold Bax, Vaughan Willians, Arthur Bliss, Ernest John Moeran, etc? Por que menosprezarmos um compositor da envergadura do norte-americano Roy Harris? Apenas porque é um compositor neo-tonal? Não é por nada que assino Beto Toda Música.
Saúdo a presente postagem, não só pela sua qualidade intrínseca, como também, principalmente, em tornar visível um GÊNIO como Martinu.
Mais uma vez, muito obrigado pelo desprendimento, ao proporcionar a nós outros o que de melhor o espírito humano é capaz de realizar.
E pensar que em 1994, quando a 6a sinfonia de Schnittke estreiou no Carnegie Hall em Nova York, praticamente metade do público foi embora durante a apresentação...
ResponderExcluirEssas 3 obras que estão nesse CD despertam algo mais em quem está disposto a encarar outros trabalhos desse "punk-anárquico compositor".
Depois é dar um pulo na loucura da 1a sinfonia, na ironia erudita do Concerto Grosso e no restante de suas quebradeiras-harmônicas composições!
Até ópera tem. Maravilha!
Aquela luz e muitíssimo obrigado pela postagem, Carlinus!
D.K..