terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Réquiem in D menor, K. 626

(...) As circunstância que envolveram a composição do Réquiem de Mozart são bastante conhecidas. Em julho de 1791, recebeu uma encomenda do Conde Franz Walsegg zu Stuppach para a composição de uma Missa de Réquiem. O Conde desejava celebrar a morte recente da esposa com a presentação de uma obra desse tipo, que reivindicaria como sendo sua. Para encomendar a música, enviou seu ajudante Franz Anton Leutgeb até Mozart e pagou adiantado 60 ducados, com a promessa de pagar mais após a conclusão da obra. No segundo semestre de 1791, Mozart estava bastante atarefado. Sua ópera alemã Die Zauberflöe [A Flauta Mágica], estava para ser encenada no início de setembro, ao mesmo tempo em que Praga encomendara uma ópera sobre a coroação, La Clemenza di Tito, o que envolvia uma viagem à capital da Bohemia em setembro. Em maio fora nomeado assistente do diretor-musical da Catedral de St. Stephen, sem remuneração, com direito à sucessão do velho titular. Constanze Mozart afirmaria mais tarde que o marido tinha uma premonição de que o Réquiem era um presságio da própria morte que se aproximava, uma declaração à qual pode-se atribuir crédito, por mais atraente que a história possa parecer à imaginação romântica. Mozart parecia, no início do verão de 1791, muito mais animado do que já estivera, pois sua sorte parecia ter mudado para melhor. Em novembro, entretanto, adoeceu e dentro de quinze dias veio a falecer. Sua morte foi atribuída pelo médico à febre, mas foi assunto de muita especulação. Em 4 de dezembro, sentia-se suficiente bem para cantar com os amigos partes do Réquiem, que ainda estava incompleto. Benedikt Schack, O Tamino em Die Zauberflöe, canta a prte do soprano, em falsete, Mozart foi o contralto, o violinista Hofer, marido da irmã de Constanze, Josefa, a Rainha da Noite, foi o tenor e Franz Geri, cuja esposa representou Papagena, enquanto ele interpretava o papel de Sarastro, foi o baixo. Dizem que Mozart caiu em lágrimas e não conseguiu continuar quando faltavam cinco minutos para uma hora da manhã de 5 de dezembro, para ser enterrado uma dia depois ou no seguinte em um túmulo não identificado. Ao morrer, Mozart deixou sua parte musical do Réquiem incompleta. A viúva Constanze esperava que a tarefa de concluir essa obra coubesse ao aluno do marido, e constante companheiro, Franz Xaver Süssmayer. Em vez disso, aparentemente desmotivada, pediu a Josef Eybler para concluir a composição e orquestração. Mais tarde ele desistiu da tarefa e a partitura inacabada finalmente foi parar nas mãos de Süsmayer, de modo que a forma mais conhecida do Réquiem é a versão iniciada por Mozart, continuada brevemente por Eybler e completada por Süsmayer. Outros compositores nos últimos anos substituíram esses acréscimos e remodelaram o trabalho a partir das anotações originais de Mozart. Mozart completara a composição e orquestração do Introito e Kyrie, usados por Süsmayer para o Communion final, Lux aeterna. A grande Sequence, Dies Irae, foi nitidamente esboçada até o verso Lacrimosa, dies illa, ponto em que Eybler abandonou sua tentativa de trabalhar para a partitura. Süsmayer continuou a Lacrimosa, completando-a após acrescentar 22 compassos. Mozart escrevera as partes da voz e o baixo do Ofertório, como já fizera com a maior parte do Dies ira, que foi completado por Süsmayer. O Sanctus, Benedictus e agnus Dei foram compostos por Süsmayer. Poderia ser acrescentado que o Conde Walsegg não desistiu de sua intenção original e em 14 de dezembro de 1793 promoveu a apresentação do Réquiem como se fosse sua própria composição, um embuste que o divertia imensamente.

P.S. O texto foi extraído do encarte do CD, com uma gravação feita pelo Zdenek Kosler à frente da Slovak Philharmonic, realizado pelo Naxos.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Réquiem in D menor, K. 626

01 - Requiem - Kyrie
02 - Dies Irae
03 - Tuba Mirum
04 - Rex Tremendae
05 - Recordare
06 - Confutatis
07 - Lacrimosa
08 - Domine Jesu
09 - Hostias
10 - Sanctus
11 - Benedictus
12 - Agnus Dei - Lux Aeterna

Wiener Philharmoniker Konzertvereinigung Wiener Staatsopernchor, Norbert Balatsch, dir.
Edith Mathis, soprano
Julia Hamari, contralto
Wieslaw Ochman, tenor
Hans Haselbock, órgão
Karl Ridderbusch, baixo
Karl Bohm, regente

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7 comentários:

  1. Cuidado: http://altreport.hipsterrunoff.com/2010/02/google-is-deleting-shitty-mp3-blogs.html

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  2. Milton, apesar de achar extremamente agradável fazer essas postagens, eu sei que em algum momento isso pode acontecer. É como caminhar por uma rota cheia de buracos numa noite escura. A qualquer momento eu sei que posso cair em algum deles. Você já sofreu alguma pressão para apagar algum dos seus bloggers? Outro dia recebi uma mensagem da Google. Na mensagem dizia que eu violara os direitos autorais de um dos CDs que havia disponibilizado. Terrível! Foi premido a deletar o post. Um exemplo desse seu aviso é o Jazzever. O material do site foi deletado, se não me engano, pela Google. A questão é que eles terão um trabalho miserável para fazer. Há dezenas de sites com material musical espalhados pela rede. Esse fenômeno é como aquele que se dava com a Hidra que Hércules labutava contra. O herói grego decepava uma cabeça, mas uma outra surgia.

    Obrigado, Milton, pelo informativo.

    Amplexos musicais para todos nós até a hora final!

    P.S. Ia esquecendo! Parabéns pelas suas excelentes páginas!

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  3. Dirceu Scarparo Vargas8 de abril de 2013 às 19:49

    Se Mozart não foi para o Céu, quem de nós irá?
    Ele deve estar compondo para deleite de Deus.
    Marcante gravação, fiquei paralizado até a Lacrimosa.
    Grato.Um abraço do Dirceu.

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  4. Muito bom! Obrigado por compartilhar essa belíssima obra.

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  5. Muito obrigado por compartilhar essa belíssima obra!

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