Durante 200 anos, os estudiosos deste instrumento conheceram o rico repertório que Mozart deixou com um total de quatro concertos, escritos para o trompista Joseph Leutgeb, amigo de infância do compositor. Três dos concertos foram compostos em mi bemol maior e o quarto em dó maior, o que levou Benjamin Perl a examiná-los nota por nota e chegar à conclusão que Mozart não é autor dos quatro concertos, mas de apenas três deles.
O musicólogo acredita que o concerto em dó maior, "K412", não pode ser incluído entre os trabalhos do gênio, mas que outra pessoa o compôs e o próprio Mozart o editou posteriormente. Apesar das dúvidas criadas pelo fato de que o manuscrito original da composição ainda está em bom estado e foi escrito por Mozart, Perl explica que se trata de um obstáculo inicial puramente psicológico. "Quando se examina a composição musical, não há nenhum obstáculo: investigações realizadas nos últimos anos determinaram que Mozart não compôs uma série inteira de trabalhos, embora constem seus manuscritos. Estes trabalhos eram cópias que fez e que em muitos casos revisou e embelezou", ressalta o artigo do "Ha'aretz".
Até agora, o concerto para trompa em dó maior não tinha sido incluído nessa lista e era considerado autêntico, e todos os estudos realizados nos últimos 150 anos nunca duvidaram de sua autoria. No entanto, Perl suspeitou que algo não casava bem na composição, porque está escrita em um estilo peculiar e tosco. As suspeitas do musicólogo israelense cresceram após 1987, quando Alan Tyson, um especialista em datar manuscritos, examinou os pentagramas da Jagiellonian Library na Cracóvia, na Polônia, e determinou que a obra tinha sido composta nos últimos anos da vida de Mozart, inclusive no ano de sua morte. Perl diz que durante esse período Mozart não escreveu composições simples como as deste concerto, um sinal de que não é original, mas talvez uma revisão do trabalho de outra pessoa. Além disso, o pesquisador ressalta que Mozart nem sequer finalizou o rondó e que o manuscrito que sobreviveu até hoje é somente um fragmento, um material tosco que devia ser refinado antes de ser interpretado.
O estudante de Mozart, o famoso Sussmayr (conhecido por supostamente ter completado o "Requiem"), também contribuiu com este trabalho, segundo Perl. E, ao contrário de Requiem", a que o estudante foi o mais fiel possível aos ditados do compositor, no concerto para trompa em dó maior Sussmayr se desviou completamente da composição original e elaborou um rondó seguindo seus próprios gostos. Com base nestas deduções, Perl propõe uma história alternativa à criação do concerto. Em primeiro lugar, que Mozart não é o compositor original, e sim o trompista Leutgeb. Perl também se baseia no fato de que este músico era um velho amigo tanto de Mozart como de seu pai Leopold, e se sabe que este emprestou dinheiro a Leutgeb quando deixou Salzburgo para morar em Viena, onde abriu uma loja de queijos.
Mozart - Quatro Concertos para Trompa
01 Horn Concerto No 1 D K 412 1 Allegro
03 Horn Concerto No 2 Es K 417 1 Allegro Maestoso
04 Horn Concerto No 2 Es K 417 2 Andante
05 Horn Concerto No 2 Es K 417 3 Rondo
06 Horn Concerto No 3 Es K 447 1 Allegro
07 Horn Concerto No 3 Es K 447 2 Romanza (Larghetto)
08 Horn Concerto No 3 Es K 447 3 Allegro
09 Horn Concerto No 4 Es K 495 1 Allegro Moderato
10 Horn Concerto No 4 Es K 495 2 Romanza (Andante)
11 Horn Concerto No 4 Es K 495 3 Rondo (Allegro Vivace)
12 Concerto Rondo Es K 371
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Muito obrigado !!!
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ResponderExcluirBelíssima postagem, Carlinus; os seus textos sempre embelezam a música compartilhada, ao ponto de ombreá-la. Muito obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirNovamente, obrigado, Marcelo. Um grande abraço musical!
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