sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Claude Debussy (1862-1918) - Préludes

Compreender Claude Debussy (1862-1918) é muito mais complicado do que parece. Também é muito mais simples do que parece. É como fazer uma jornada cheia de labirintos pra chegar num lugar e, só então, perceber que tinha um atalho. Você, caso não conheça de música clássica, vai ouvir sons e vai achá-los mágicos. Daí vai tentar esmiuçar, compreender, dissecar, só pra depois perceber que a música de Debussy foi feita pra escutar. Escutar atentamente, claro. E então deixar-se levar pelas sensações. Aí está o atalho: a música dele é menos técnica e mais pura mágica. Não que ele seja fraco tecnicamente, sua orquestração e escrita para piano, para qualquer instrumentação, de fato, são perfeitas.

Era um compositor espetacular, conhecedor das velhas formas e um pianista excepcional - Igor Stravinsky conta que ele e Debussy fizeram uma audição privada da sua Sagração da Primavera numa versão de piano a 4 mãos, com Debussy praticamente lendo à primeira vista. Você só vai entender as intenções desse compositor ao escutá-lo um punhado de vezes. Eu acho que é por isso que as pessoas mais velhas se tornam à música clássica. Elas têm mais paciência. A obra de Debussy é episódica, você tem que apreciar os momentos. Aliás, vamos entender o 1º (e o 2º) Livro de Prelúdios como uma coletânea de contos. É só dividir esses contos em parágrafos: meio caminho andado. Ele foi um dos primeiros compositores modernos, saindo do romantismo. Enquanto que no romantismo as músicas são bem descritivas, ainda que apenas de sentimentos, no modernismo elas tendem a ser mais abstratas. É até interessante que Debussy tenha colocado títulos para cada prelúdio. Mas, na partitura, ele coloca o título no fim. Genial! Você deve ler a peça como se não soubesse do que se trata e, então, descobrir.

O que é um prelúdio? 

Nesse sentido usado por Debussy, trata-se de peças para piano com durações diversas (2 e pouco a quase 8 minutos) e com forma livre. Ou seja, a peça se desenvolve sem "ter que fazer" nada: ao gosto do compositor. Ele os compôs entre 1909 e 1910.

Johann Sebastian Bach escreveu O Cravo Bem Temperado, com 24 prelúdios e fugas, cada um em uma das tonalidades existentes. Depois compôs outro livro. Isso abriu precedente para que compositores, famosamente Frédéric Chopin, fizessem seus prelúdios. Chopin fez um livro de 24, respeitando a ideia das 24 tonalidades. Debussy fez 2 livros de 12. Mas ele não fez um para cada tonalidade. Os dele são bem livres. Cada um tem um título, que vem de algum poema (Baudelaire) ou simplesmente de uma alusão.

Daqui

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Claude Debussy (1862-1918) -

Préludes I

01. Danseuses de Delphes (3:09)
02. Voiles (3:39)
03. Le vent dans la plaine (2:05)
04. «Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir» (3:19)
05. Les collines d’Anacapri (2:59)
06. Des pas sur la neige (4:20)
07. Ce qu’a vu le vent d’ouest (3:31)
08. La fille aux cheveux de lin (2:24)
09. La sérénade interrompue (2:42)
10. La cathédrale engloutie (6:51)
11. La danse de Puck (2:50)
12. Minstrels (2:33)

Préludes II

13. Brouillards (3:16)
14. Feuilles mortes (2:41)
15. La Puerta del Vino (3:39)
16. Les fées sont d’exquises danseuses (2:43)
17. Bruyères (2:43)
18. «General Lavine» — excentric (2:44)
19. La terrasse des audiences du clair de lune (4:23)
20. Ondine (2:58)
21. Hommage à S. Pickwick Esq. P.P.M.P.C. (2:10)
22. Canope (2:56)
23. Les tierces alternées (2:23)
24. Feux d’artifice (4:49)

Steven Osborne, piano

Você pode comprar este disco na Amazon

*Para acessar o link, por favor, clicar na imagem.

*Se possível, deixe um comentário. Sua participação é importante. Ela ajuda a manter o nosso blog!

 

Um comentário: